
Falhas na transmissão e cortes em usinas solares e eólicas elevam custos e aumentam risco de apagão
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
O Brasil enfrenta um paradoxo no setor energético: embora a capacidade instalada seja suficiente para atender à demanda, o sistema elétrico apresenta fragilidades que aumentam custos e podem provocar apagões em algumas regiões. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e do Itaú BBA, cortes de geração em usinas solares e eólicas atingiram níveis recordes em agosto, refletindo a complexidade de equilibrar oferta e consumo.
Durante o dia, a produção de energia supera a demanda, exigindo que o ONS desligue temporariamente algumas usinas para evitar sobrecarga. Já à noite, a dependência de termelétricas aumenta, especialmente quando hidrelétricas precisam preservar água devido à estiagem.
Esse mecanismo, chamado de curtailment, tem gerado perdas significativas para geradores de energia renovável, estimadas em bilhões de reais desde 2021, parte das quais está sendo cobrada judicialmente e pode impactar a conta de luz dos consumidores.
O crescimento de fontes renováveis — principalmente solar e eólica, muitas delas subsidiadas e com tecnologias mais baratas — ampliou a capacidade de geração, mas também trouxe desafios. A energia produzida por micro e minigeradores distribuídos não pode ser controlada pelo ONS, e grande parte da geração centralizada concentra-se em regiões que não consomem toda a produção, como o Nordeste, dificultando o envio seguro para o Sudeste e Sudeste, principais centros de demanda.
Além disso, a infraestrutura de transmissão não acompanhou o crescimento da geração, criando gargalos e aumentando a vulnerabilidade do sistema. Em agosto de 2023, por exemplo, falhas em linhas de transmissão e em equipamentos de controle em usinas eólicas e solares deixaram mais de 30% do país temporariamente sem energia, segundo relatórios do setor.
Especialistas alertam que, sem investimentos em transmissão e ajustes na gestão da geração renovável, o Brasil pode continuar pagando tarifas elevadas e enfrentar riscos de apagão mesmo com excesso de energia disponível. A complexidade do sistema atual exige respostas rápidas do ONS e planejamento estratégico de longo prazo para que a energia gerada seja utilizada de forma eficiente, segura e economicamente justa.
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