Relatos apontam dificuldades para entregar correspondências em regiões remotas e impacto da perda do monopólio
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
Os Correios enfrentam uma crise financeira histórica. No segundo trimestre de 2025, a estatal registrou prejuízo de R$ 2,64 bilhões, quase cinco vezes maior que os R$ 553,2 milhões do mesmo período de 2024. No acumulado do semestre, o rombo chegou a R$ 4,37 bilhões, comparado a R$ 1,35 bilhão no mesmo período do ano passado. A queda é consequência da diminuição de receitas, mudanças no setor de remessas internacionais e da perda do monopólio.
A receita da empresa caiu 11,2%, totalizando R$ 4,4 bilhões no trimestre. O setor de postagem internacional foi o mais afetado, com queda de 63,6% após parte das encomendas ser deslocada para empresas privadas de comércio eletrônico. A gravidade da situação levou o presidente dos Correios a apresentar carta de renúncia em julho, ainda não formalizada.
A população que depende dos Correios, especialmente em regiões remotas, sofre com atrasos e dificuldades de entrega. Serviços essenciais de correspondência enfrentam desafios devido à estrutura deficitária da estatal e à concorrência desigual com empresas privadas.
Os dados sobre prejuízos e receita foram obtidos a partir do balanço oficial dos Correios, divulgado recentemente. Especialistas em gestão pública e economia analisaram os números e destacam que os fatores incluem desde a quebra do monopólio até impactos de políticas fiscais sobre importações.
O ministro da Fazenda atribuiu a crise à quebra do monopólio da estatal, explicando que os Correios continuam com a obrigação de entregar correspondências em regiões remotas, sem recursos suficientes. Enquanto isso, empresas privadas operam apenas onde há viabilidade econômica, deixando a estatal com custos elevados para cumprir suas obrigações.
Para enfrentar o cenário crítico, os Correios estudam medidas como ampliação do plano de demissão voluntária (PDV), redução da jornada de trabalho e reestruturação administrativa abrangente. Especialistas alertam que apenas essas medidas internas não serão suficientes; mudanças estruturais profundas serão necessárias para garantir a sustentabilidade da estatal e a continuidade dos serviços essenciais em todo o país.
A situação evidencia a fragilidade histórica dos Correios diante das transformações do mercado e da perda do monopólio, trazendo desafios para a gestão da estatal e para a entrega de serviços em todo o país, especialmente nas regiões mais isoladas.
Leia mais
Megaoperação nos EUA prende 475 imigrantes em fábrica da Hyundai
Hepatites virais: o desafio silencioso que atinge milhões
Com apoio dos EUA, PF prende homem que tentou fugir após agredir a esposa

Faça um comentário