
Promotor apura se atletas teriam se hospedado em apartamento supostamente ligado a integrante do PCC; clube também é investigado por suspeitas de irregularidades financeiras
Por Schirley Passos|GNEWSUSA
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) investiga uma suposta infiltração da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) no Corinthians.
Um dos pontos apurados é se jogadores do clube teriam se hospedado em um imóvel supostamente vinculado a um integrante da facção, segundo depoimentos e documentos levantados no inquérito.
A investigação é conduzida pelo promotor Cássio Roberto Conserino, que solicitou esclarecimentos aos jogadores Fausto Vera, Rodrigo Garro e Talles Magno.
Eles foram questionados sobre a suposta utilização de um apartamento no bairro Anália Franco, zona leste da capital, que pertenceria a José Carlos Gonçalves, conhecido como Alemão, citado em outras apurações como suposto membro do PCC.
Jogadores prestam esclarecimentos como testemunhas
De acordo com o Ministério Público, os atletas foram chamados na condição de testemunhas, sem que haja, até o momento, qualquer indício de envolvimento deles em atos ilícitos.
Talles Magno já teria afirmado que, ao chegar ao Corinthians, hospedou-se em um hotel e depois alugou, por conta própria, o imóvel onde vive atualmente, que, segundo ele, não pertence ao suposto integrante da facção.
O MP quer entender se houve alguma participação do clube na escolha ou intermediação do imóvel e, em caso positivo, por que um apartamento ligado a uma pessoa investigada teria sido indicado.
Denúncia aponta suposto envolvimento da facção com o clube
A linha de investigação sobre suposta influência do crime organizado no Corinthians se fortaleceu após depoimento de Romeu Tuma Júnior, presidente do Conselho Deliberativo do clube.
Em declaração ao MP em 14 de agosto, ele afirmou que “o crime organizado se infiltrou” no Corinthians e relatou que estaria sofrendo ameaças em razão de sua atuação.
Corinthians já foi citado em outras investigações
Essa não é a primeira vez que o clube é citado em investigações envolvendo o suposto envolvimento com o PCC. De acordo com a Polícia Civil e o próprio MP, parte dos recursos oriundos do contrato com a ex-patrocinadora VaideBet teria sido supostamente repassada a empresas ligadas à facção.
O ex-diretor de futebol Rubens Gomes, o Rubão, também apontou, no ano passado, supostas conexões entre o clube e o crime organizado. Em outro caso, o nome do Corinthians apareceu em investigação sobre o suposto envolvimento de Rafael Maeda Pires, o Japa do PCC, em negociações envolvendo os jogadores Du Queiroz e Igor Formiga.
Documentação entregue e novos depoimentos
O Corinthians informou que começou a enviar os documentos solicitados pelo MP, referentes ao período entre 2018 e 2025. As faturas dos cartões corporativos foram as primeiras a ser entregues, seguidas pelos relatórios de despesas da presidência, enviados na última segunda-feira.
O presidente do clube, Osmar Stabile, e outros dirigentes já prestaram depoimento. O promotor agendou para a próxima semana o depoimento do vice-presidente Armando Mendonça.
Outra oitiva prevista era a de João Clóvis, dono de um restaurante suspeito de emitir supostas notas fiscais frias em gestões passadas. A audiência, no entanto, foi adiada após a defesa ingressar com pedido de habeas corpus.
Entenda o que está em investigação
O Ministério Público conduz um Procedimento Investigatório Criminal (PIC), aberto em 30 de julho, que apura a ocorrência de supostos crimes como:
- Apropriação indébita
- Estelionato
- Furto qualificado
- Falsidade ideológica
- Associação criminosa
Inicialmente, a investigação focava na suposta utilização indevida de cartões de crédito corporativos nas gestões de Andrés Sanchez e Duilio Monteiro Alves. Posteriormente, a apuração foi ampliada para analisar também gastos da atual presidência, sob o comando de Augusto Melo.
No dia 21 de agosto, o MP solicitou o afastamento dos últimos três presidentes do clube. O pedido ainda não foi julgado pela Justiça, assim como o requerimento de quebra de sigilo dos cartões de crédito do Corinthians.
Clube ainda não se pronunciou sobre o caso
Até o momento, o Corinthians não se manifestou oficialmente sobre a suspeita envolvendo a hospedagem dos atletas em imóvel supostamente vinculado a membro do crime organizado.
O caso segue em apuração, e novas diligências estão previstas para os próximos dias. O Ministério Público deve analisar os documentos já entregues e ouvir novos depoimentos antes de concluir as próximas etapas da investigação.
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