
Operação São Francisco resulta em 40 prisões, resgate de mais de 700 animais e revela esquema brutal de caça e comercialização de primatas ameaçados de extinção
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou nesta terça-feira (16) a Operação São Francisco, considerada a maior ação já realizada contra o tráfico de animais silvestres no país. Até o momento, pelo menos 40 pessoas foram detidas, algumas em flagrante, e mais de 700 animais foram resgatados.
Cerca de mil agentes participaram da ação, cumprindo 45 mandados de prisão preventiva e 275 ordens de busca e apreensão em diferentes regiões do estado, além de operações em São Paulo e Minas Gerais. Durante a operação, ocorreram confrontos que resultaram em feridos: um suspeito foi baleado e permanece em estado grave, enquanto uma policial civil sofreu um disparo na perna na comunidade da Mangueira, na Zona Norte, e seu estado é estável.
Entre os alvos da ação está o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como “TH Joias”, preso anteriormente em investigação por suposta aquisição de quatro macacos.
O delegado André Prates explicou que a investigação identificou 145 pessoas envolvidas na organização criminosa, resultando na expedição dos mandados de prisão preventiva. “Todos os envolvidos estão sendo acusados de fazer parte de uma organização criminosa”, afirmou.
O esquema desmantelado se especializava no tráfico de primatas, retirados de áreas como a Floresta da Tijuca e o Horto, muitas vezes de forma brutal, e transportados para centros urbanos para venda clandestina. Segundo Bernardo Rossi, secretário estadual de Meio Ambiente, apenas um dos detidos comercializava mais de 45 mil animais, muitos em risco de extinção, sendo que cerca de 60% chegavam mortos ao destino final.
O comércio ilegal movimenta milhões de reais, segundo a polícia. Uma base foi montada na Cidade da Polícia para acolher os animais resgatados, recebendo cuidados de veterinários voluntários antes da triagem e reintegração à natureza.
A operação revelou ainda a complexa estrutura do tráfico:
- Caçadores (mateiros): capturavam os animais.
- Atravessadores: transportavam os bichos até as cidades.
- Falsificadores: produziam documentos falsos.
- Núcleo armado: fornecia proteção armada.
- Consumidores finais: alimentavam o mercado negro.
Investigações também identificaram conexões entre tráfico de animais e drogas, com feiras clandestinas em Pavuna e Duque de Caxias servindo como pontos estratégicos para a venda. “Identificamos grupos associados ao tráfico de drogas que fornecem armas em grande escala. Um dos presos hoje é apontado como latrocida habitual, mostrando a relação entre tráfico de animais e drogas na mesma organização”, disse André Prates.
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