Tragédia no Elevador da Glória expõe falhas na manutenção

Acidente em Lisboa deixa 15 mortos e reacende debate sobre terceirização e segurança do patrimônio histórico
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA


O acidente no Elevador da Glória, em Lisboa, que deixou 15 mortos e 18 feridos na tarde desta quarta-feira (3), abriu espaço para uma onda de críticas à gestão do ponto turístico, considerado um dos mais tradicionais cartões-postais da capital portuguesa.

A tragédia aconteceu quando uma das cabines descarrilou e se chocou violentamente contra um edifício, após ganhar velocidade descontrolada na ladeira da Calçada da Glória. Testemunhas relataram que, enquanto a cabine estacionada junto ao Largo dos Restauradores chegou a cair cerca de um metro sem descarrilar, a que vinha do Bairro Alto, carregada de passageiros, não conseguiu frear na curva e acabou destruindo parte da estrutura.

Sindicatos e trabalhadores da Carris, empresa municipal responsável pelo transporte, afirmam que o acidente era uma tragédia anunciada. Desde a terceirização da manutenção para a empresa MAINMaintenance Engineering, técnicos já vinham denunciando falhas recorrentes e alertando para o aumento do risco de acidentes.

“Há anos os trabalhadores alertam sobre a necessidade de retomar a manutenção interna. O acidente de hoje confirma essas preocupações”, declarou Manuel Leal, dirigente da Fectrans (Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações) e do STRUP (Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal).

O Elevador da Glória funciona por um sistema de tração elétrica aliado a cabos de segurança que ligam as duas cabines. Em condições normais, quando uma sobe, a outra desce em equilíbrio. Para Francisco Oliveira, do sindicato SITRA, tudo indica uma falha nesse mecanismo: “Um carro puxa o outro. Quando um trava a descer, o outro que vai a subir trava também. E vice-versa. Se houve quebra nesse sincronismo, o desastre era inevitável.

A Carris, por sua vez, defendeu-se em nota oficial. A empresa afirmou que todos os protocolos de segurança foram cumpridos, lembrando que o elevador passou por manutenção geral em 2022, uma revisão em 2024, além de inspeções diárias, semanais e mensais. Ainda assim, sindicatos acusam a companhia de ignorar repetidas queixas internas sobre falhas técnicas.

Inaugurado em 1885 e classificado como monumento nacional desde 2002, o Elevador da Glória liga a Praça dos Restauradores ao Bairro Alto, num trajeto de 265 metros, e transporta anualmente cerca de 3 milhões de passageiros. Sua relevância histórica e turística torna o acidente ainda mais impactante para Lisboa e para Portugal.

O presidente Marcelo Rebelo de Sousa lamentou as mortes e expressou solidariedade às famílias, exigindo investigação rigorosa: “Espera-se que a ocorrência seja rapidamente esclarecida pelas entidades competentes”, pontuou.

 

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