
Estudo revela que quase toda a carne de tubarão vendida no país é mal rotulada, incluindo espécies criticamente ameaçadas de extinção
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
Por trás das prateleiras bem organizadas dos supermercados americanos, um problema silencioso ameaça o consumidor e a vida marinha. Uma pesquisa conduzida pela Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill revelou que 93% da carne de tubarão vendida nos Estados Unidos está mal identificada ou rotulada de forma genérica, privando o consumidor da informação essencial sobre o que está comprando — e, em alguns casos, colocando espécies ameaçadas em risco ainda maior.
Os pesquisadores analisaram 29 produtos disponíveis em supermercados, mercados de peixe e varejistas online. Apenas um deles trazia no rótulo o nome correto da espécie. Nos demais, a carne era comercializada simplesmente como “tubarão” ou “tubarão mako”, sem qualquer especificação.
“A ideia era simples: saber o que, de fato, está sendo vendido como carne de tubarão nos Estados Unidos”, explica a ecóloga marinha Savannah Ryburn, autora do estudo publicado.
Mas o que parecia uma investigação técnica se transformou em um alerta global: a análise de DNA identificou 11 espécies diferentes de tubarões, incluindo o tubarão-martelo grande e o tubarão-martelo alado, ambos listados como criticamente ameaçados de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A descoberta expõe não apenas uma falha grave na rotulagem, mas também um risco de saúde pública. “Algumas dessas espécies apresentam altos níveis de mercúrio e outros contaminantes, o que pode causar danos neurológicos se consumidos em excesso”, explica Ryburn. “Sem informações precisas, os consumidores perdem o direito de escolher o que estão ingerindo — e de evitar aquilo que pode lhes fazer mal.”
Especialistas em conservação defendem que o estudo seja um ponto de virada para a regulamentação da pesca e da comercialização de produtos de tubarão no país. Para eles, a transparência na cadeia de produção é essencial para proteger espécies vulneráveis e garantir escolhas conscientes ao consumidor.
A pesquisa lança luz sobre um problema que, até então, permanecia escondido sob o rótulo genérico de “tubarão”. O próximo passo, agora, depende de órgãos reguladores e do setor varejista: tornar visível o que hoje é um mistério — e transformar cada compra em uma decisão informada, capaz de proteger tanto a saúde humana quanto a biodiversidade marinha.
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