Américas completam 31 anos sem casos de poliomielite, mas queda na vacinação preocupa autoridades de saúde

Com apenas 83% das crianças imunizadas em 2024, índice ficou abaixo da meta de 95% necessária para evitar surtos; OPAS alerta para risco de reintrodução do vírus e reforça apelo por campanhas de vacinação
Por Paloma de Sá| GNEWSUSA

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) celebram um marco histórico: 31 anos sem notificações de poliovírus selvagem nas Américas. A conquista, lembrada durante o Dia Mundial da Poliomielite, em 24 de outubro, reforça o êxito de décadas de esforços coletivos em imunização.
Entretanto, as agências alertam para o risco de retrocesso diante da queda na cobertura vacinal infantil em diversos países do continente.

Cobertura vacinal abaixo do ideal

Segundo a OPAS, em 2024 apenas 83% das crianças nas Américas receberam a terceira dose da vacina contra a poliomielite, número inferior à meta mínima de 95% necessária para prevenir surtos.
A poliomielite é uma doença viral altamente contagiosa que ataca o sistema nervoso e pode causar paralisia permanente, especialmente em crianças menores de cinco anos. Estima-se que uma em cada 200 infecções resulte em paralisia irreversível.

Nos anos 1970, a doença ainda afetava milhares de crianças na região. Em 1975, foram registrados quase 6 mil casos, e o último caso nas Américas foi identificado no Peru, em 1991.
Três anos depois, em 1994, a região foi certificada oficialmente como livre da poliomielite, tornando-se a primeira do mundo a alcançar esse feito.

Declaração da OPAS

O diretor da OPAS, Jarbas Barbosa, destacou que a erradicação da poliomielite nas Américas é resultado de uma mobilização sem precedentes.

“Graças às vacinas e a um enorme esforço coletivo, já se passaram 31 anos desde que o poliovírus selvagem circulou pela última vez na região. Precisamos garantir que ele nunca mais volte”, afirmou Barbosa.

A agência alerta, contudo, que a diminuição da cobertura vacinal pode abrir espaço para a reintrodução do vírus. Situações semelhantes já ocorreram em outros continentes, onde cepas derivadas de vacinas reapareceram em comunidades com baixa imunização.

Panorama global

Em todo o mundo, os casos de poliomielite caíram mais de 99% desde 1988, quando eram estimados 350 mil casos anuais em mais de 125 países. Atualmente, apenas duas nações ainda enfrentam circulação endêmica do poliovírus selvagem.

Apesar dos avanços, os riscos persistem em áreas de baixa cobertura vacinal. A vigilância epidemiológica contínua e o uso estratégico de vacinas são apontados pela OMS como as principais ferramentas para atingir a erradicação global definitiva da doença.

Vacinas e novas estratégias

Entre as medidas recentes, a OPAS e seus parceiros vêm apoiando o lançamento da nova vacina oral contra a pólio, mais segura e eficaz na prevenção da mutação do vírus.
A agência também mantém cooperação técnica permanente com países da região, oferecendo apoio logístico a campanhas de vacinação e fornecimento de imunizantes por meio do Fundo Rotativo da OPAS, mecanismo que garante acesso equitativo e preços justos para os governos.

Outros marcos de erradicação

Desde a eliminação da varíola em 1980, única doença humana oficialmente erradicada, as Américas têm acumulado conquistas sanitárias notáveis.
Segundo dados da OPAS e OMS, sete doenças foram eliminadas ou tiveram transmissão interrompida na região: dracunculíase, poliomielite, rubéola, rubéola congênita, sarampo (eliminado em 2016, mas com casos reimportados), e tétano neonatal (eliminado em 2017).

Desde 2008, também não há registro de febre amarela urbana na região.
Outros avanços incluem:

  • Malária eliminada em 19 países;

  • Transmissão materno-infantil de HIV e sífilis interrompida em 11 territórios;

  • Raiva humana transmitida por cães eliminada no México em 2019, tornando o país pioneiro mundial nesse feito.

Apelo à ação

A OPAS reforça o apelo a pais, profissionais de saúde e governos para manter as Américas livres da poliomielite.
A agência recomenda:

  • Que pais e cuidadores revisem as cadernetas de vacinação das crianças;

  • Que profissionais de saúde combatam a desinformação sobre vacinas;

  • Que governos assegurem recursos e estrutura para fortalecer os programas nacionais de imunização e vigilância ativa.

“A poliomielite pode ser evitada com apenas algumas doses de vacina. Nenhuma criança deve correr o risco de sofrer paralisia por uma doença que já conseguimos eliminar”, reforçou Barbosa.

Compromisso renovado

No Dia Mundial da Poliomielite, celebrado em 24 de outubro, a OPAS reafirmou seu compromisso com a erradicação global da doença e com a proteção das futuras gerações contra ameaças evitáveis.
O desafio atual, segundo a entidade, é garantir que as conquistas de hoje não se percam pela queda da vacinação amanhã.

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