
Com endividamento equivalente a 76,1% do PIB em 2024, Brasil vê crescimento da dívida alimentado por juros e falta de controle fiscal, enquanto investimentos sociais são sacrificados
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
A dívida bruta do Governo Geral do Brasil atingiu, no fim de 2024, o patamar de R$ 9 trilhões, equivalente a 76,1% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados do Banco Central. O recorde histórico reforça a preocupação com a trajetória fiscal do país e expõe a falta de austeridade nos gastos públicos. Críticos alertam que, enquanto o governo prioriza a rolagem da dívida e o pagamento de juros, áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura seguem sofrendo cortes.
O panorama fiscal e o crescimento da dívida
Números que assustam
A relação dívida/PIB subiu 2,2 pontos percentuais em 2024, de 74,4% (em dezembro de 2023) para 76,1%. O valor de R$ 9 trilhões inclui as dívidas da União, de estados, municípios e do sistema previdenciário (INSS).
Especialistas apontam que a escalada da dívida deve-se, sobretudo, aos juros nominais elevados, que somaram cerca de R$ 950 bilhões em 2024, um recorde histórico. Além disso, a desvalorização do real encareceu os passivos atrelados a moedas estrangeiras e a falta de reformas estruturais agravou o quadro.
Críticas ao governo
1. Gastos públicos inchados e sem retorno
Embora o endividamento cresça, não se vê melhora significativa em investimentos produtivos. Parte expressiva do dinheiro arrecadado é consumida no pagamento de juros da própria dívida, deixando em segundo plano as demandas por melhorias em saúde, educação e infraestrutura.
2. Modelo fiscal dependente de juros altos
O Brasil vive um círculo vicioso: juros elevados aumentam a dívida, e a dívida crescente exige novos recursos para pagamento de juros. Em vez de direcionar a emissão de títulos para gerar crescimento econômico, o governo alimenta uma engrenagem que pesa sobre os contribuintes sem trazer retorno social.
3. Falta de controle e transparência
Entidades de fiscalização e especialistas criticam a baixa transparência sobre como os recursos captados pelo endividamento são utilizados. Muitas vezes, novas emissões de dívida apenas refinanciam dívidas antigas, sem resultar em investimentos que melhorem a qualidade de vida da população.
4. Risco futuro de colapso fiscal
Projeções da Instituição Fiscal Independente (IFI) indicam que, sem mudanças estruturais, a dívida poderá ultrapassar 80% do PIB em 2025 e alcançar 84% do PIB em 2026, elevando o risco fiscal do país e restringindo ainda mais os investimentos públicos.
Impactos para a sociedade
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Mais carga tributária: cresce a pressão por aumento de impostos para sustentar a rolagem da dívida.
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Menos recursos para áreas sociais: saúde, educação e infraestrutura sofrem contingenciamentos para priorizar o serviço da dívida.
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Desigualdade regional: estados mais pobres enfrentam dificuldades ainda maiores, agravando a falta de investimentos locais.
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Perda de credibilidade: a escalada da dívida compromete a confiança de investidores e pode levar a juros mais altos, o que retroalimenta o problema.
Contexto e alerta
O Brasil não é o único país a enfrentar altos níveis de endividamento, mas a falta de controle nos gastos e a ausência de reformas estruturais tornam o quadro mais preocupante. Economistas defendem a necessidade urgente de rever as prioridades fiscais e de reestruturar a forma como o Estado gasta para que o crescimento do país não continue refém do peso da dívida.
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