Brasil: mais da metade da população vê saúde mental como seu maior inimigo

Foto: (Pikisuperstar/Freepik/Divulgação)
54% dos brasileiros apontam saúde mental como o principal problema de saúde hoje, superando câncer, estresse e obesidade, segundo o Ipsos Health Service Report 2024
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

Em meio a uma crise velada que afeta milhões de vidas, o Brasil vive um momento de atenção urgente à saúde mental. Segundo o mais recente relatório global do instituto de pesquisa Ipsos, 54% da população considera que os desafios emocionais e psicológicos são o maior problema de saúde do país — um salto significativo em comparação aos 18% registrados em 2018. O dado reflete não apenas um avanço na percepção pública, mas também um alerta para governos, empresas e cidadãos: a epidemia mental, alimentada por estresse, isolamento social e desigualdades no acesso aos cuidados, exige respostas imediatas e profundas.

Evolução do índice e comparação temporal

No relatório Ipsos Health Service Report 2024, divulgado em setembro de 2024, 54% dos brasileiros afirmam que a saúde mental é o principal problema de saúde no país.
Esse percentual reflete uma tendência de crescimento contínuo: em 2018, apenas 18% enxergavam a saúde mental como prioridade.
Durante a pandemia e os anos subsequentes, o índice subiu para 40% em 2021, 49% em 2022, 52% em 2023, até atingir o patamar atual de 54%.
Isso mostra não só uma mudança de percepção, mas o amadurecimento de uma pauta social antes relegada ao silêncio.

Comparativo com outros problemas de saúde

No Brasil, segundo o mesmo relatório, câncer (34%) e estresse (31%) aparecem como as outras principais preocupações em saúde — mas atrás da saúde mental.
Abuso de drogas e obesidade ainda aparecem entre as causas apontadas, mas com menor taxa de menção.

Crítica à qualidade dos serviços de saúde

Quando questionados sobre a qualidade dos serviços de saúde no país, apenas 31% dos brasileiros avaliam como “boa”.
Além disso, 75% afirmam que filas para consultas são demoradas, e 82% dizem que o acesso a serviços de saúde de qualidade é caro para a maioria da população.
Esses dados revelam uma forte insatisfação com o sistema de saúde atual, especialmente no que tange ao atendimento em saúde mental, setor historicamente subfinanciado.

Panorama mundial e posição do Brasil

No mesmo estudo global, a média dos 31 países pesquisados indica que 45% da população encara a saúde mental como principal desafio de saúde em seu país — contra 27% em 2018.
Ou seja: o Brasil vai além da média global, estando mais sensível ao tema que muitos outros países.
No ranking do relatório World Mental Health Day 2024, o Brasil também aparece como o 4º país mais estressado do mundo, com 54% da população apontando saúde mental como maior problema.

Quem mais é afetado? Gênero e geração

Mulheres manifestam mais preocupação com saúde mental do que homens. No Brasil, esse diferencial está presente nos relatórios — e se alinha a tendências observadas globalmente nas pesquisas da Ipsos.
As gerações mais jovens também lideram essa percepção: quanto menor a idade, maior a probabilidade de citar saúde mental como prioridade, refletindo pressões psicológicas contemporâneas.
Segundo outra pesquisa do Ipsos no Brasil, 45% dos entrevistados relatam ter sofrido de ansiedade, predominando entre mulheres e jovens de 18 a 24 anos.
No caso da depressão, 19% afirmam já ter vivido episódios compatíveis com o transtorno.

Fatores impulsionadores: pandemia, estresse e desigualdade

A pandemia de COVID-19 funcionou como catalisador dessa crise mental — ampliando o isolamento forçado, a incerteza econômica, o medo e a sobrecarga emocional.
O relatório global da Ipsos aponta que, em média, 62% das pessoas nos países pesquisados já se sentiram tão estressadas que isso impactou sua rotina diária pelo menos uma vez.
Outro dado relevante: 41% afirmam que os sistemas de saúde tratam a saúde física como mais importante que a mental. Apenas 13% dizem que a mental tem prioridade.

Desafios para o Brasil e caminhos potenciais

O Brasil enfrenta um cenário complexo: reconhecer um problema já é meio caminho, mas faltam investimentos, políticas públicas robustas e redes de atendimento ampliadas para lidar com essa demanda crescente.
Especialistas apontam que a ampliação do acesso a psicólogos, psiquiatras e terapias, integração dos serviços de saúde mental no SUS, além de campanhas de desestigmatização, são urgências.
No ambiente corporativo, cada vez mais empresas adotam programas de suporte psicológico, bem-estar emocional e prevenção ao burnout, mas ainda há muito caminho a percorrer em termos de alcance e efetividade.

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