
Medicamento importado com apoio da Opas e liberado pela Anvisa será distribuído pelo Ministério da Saúde para hospitais do SUS após autorização excepcional de importação
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA
O Brasil recebeu, nesta quinta-feira (9), um lote emergencial com 2,6 mil ampolas do antídoto fomepizol, utilizado no tratamento de intoxicações por metanol, substância tóxica frequentemente associada a casos de contaminação em bebidas alcoólicas adulteradas. A carga foi recebida no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) por uma equipe da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e será distribuída para unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o país, reforçando a capacidade de resposta do sistema público diante de surtos recentes.
A aquisição do medicamento foi viabilizada por meio de uma ação conjunta entre o Ministério da Saúde, a Anvisa e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), que intermediou a compra junto à fabricante japonesa Daishi. A operação ocorreu em tempo recorde: a autorização de importação foi concedida no último domingo (5), apenas um dia após as discussões técnicas entre os órgãos envolvidos.
Segundo o diretor-presidente da Anvisa, Leandro Safatle, a mobilização foi estratégica para garantir o rápido acesso ao tratamento.
“A Anvisa lançou um edital para identificar produtores no mundo capazes de fornecer o medicamento ao Brasil. Conseguimos localizar a fabricante japonesa Daishi, e a Opas realizou um trabalho fundamental para viabilizar a importação em volume substancial”, explicou.
O diretor destacou ainda a rapidez da operação:
“Foi um processo muito ágil: no sábado discutimos conjuntamente com o Ministério da Saúde, a Anvisa, a empresa e a Opas; no domingo, a Agência já autorizou a importação; e hoje o produto está chegando ao mercado brasileiro. Trata-se de um prazo recorde”, completou Safatle.
O fomepizol é considerado o tratamento mais eficaz para intoxicações por metanol e etilenoglicol, substâncias presentes em solventes, combustíveis e bebidas falsificadas. O antídoto atua inibindo a ação da enzima que converte o metanol em compostos tóxicos no organismo, evitando danos graves como cegueira, falência renal e até a morte.
De acordo com o Ministério da Saúde, o medicamento será destinado prioritariamente a hospitais de referência e centros de toxicologia em estados com maior incidência de casos suspeitos. Em 2024 e 2025, surtos de intoxicação por metanol foram registrados em diversas regiões do país, provocando alertas sanitários e intensificação das ações de fiscalização da Anvisa e da Polícia Federal.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia recomendado que países mantivessem estoques estratégicos de fomepizol para enfrentar emergências toxicológicas, especialmente em locais onde a produção de bebidas artesanais é comum.
Com a chegada do novo lote, o governo brasileiro pretende repor os estoques nacionais, que estavam próximos da escassez desde o aumento dos casos registrados nos últimos meses.
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