Delegado que prendeu o maior traficante do Espírito Santo é rebaixado pelo governo

Medida gera preocupação sobre interferência política em investigações criminais no estado.

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

O delegado responsável pela prisão de um dos maiores traficantes do Espírito Santo foi rebaixado de cargo poucos meses após coordenar a ação que desarticulou parte da rede de tráfico ligada ao Primeiro Comando de Vitória (PCV), braço aliado ao Comando Vermelho (CV).

A medida, determinada pela chefia da Polícia Civil do Estado, causou repercussão entre agentes e investigadores, que enxergam no ato uma possível retaliação política contra o delegado que liderou uma das operações mais bem-sucedidas dos últimos anos no combate ao crime organizado capixaba.

Segundo fontes internas, o delegado havia conquistado destaque nacional após a prisão de Alisson Lemos, conhecido como “Gordinho do Valão”, apontado como o maior traficante do Espírito Santo e um dos articuladores do tráfico interestadual de drogas. A captura foi resultado de meses de investigação sigilosa, envolvendo inteligência policial e apoio tático de unidades federais.

Contudo, semanas após a prisão, o delegado foi transferido para uma função administrativa, perdendo o comando de sua equipe e o protagonismo nas investigações. A decisão não foi acompanhada de justificativas claras, o que gerou indignação entre colegas e associações de classe.

É revoltante ver quem trabalha com coragem ser afastado, enquanto criminosos continuam com influência até dentro do sistema”, afirmou, sob anonimato, um policial que participou da operação.

Repercussão e silêncio oficial

Até o momento, a Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo não se pronunciou oficialmente sobre os motivos da mudança. Nos bastidores, há relatos de pressão política e insatisfação de setores ligados a lideranças locais, incomodados com o alcance das investigações.

A situação reacende o debate sobre a autonomia das forças de segurança e o risco de interferências políticas em operações contra o crime organizado. Especialistas alertam que medidas como essa desmotivam equipes, comprometem investigações e fragilizam o enfrentamento às facções.

Símbolo de resistência

Mesmo fora da função anterior, o delegado continua sendo visto como um símbolo de coragem e integridade dentro da corporação. Para muitos, seu afastamento é mais uma prova de que enfrentar o crime organizado no Brasil ainda é um ato de risco não apenas físico, mas também institucional.

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