Especialistas alertam: cuidar da mente é também cuidar do coração
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
Embora muitas vezes tratados de forma isolada, os transtornos mentais funcionam como um importante sinal de alerta para a saúde do corpo como um todo. Condições como depressão, ansiedade e estresse crônico não afetam apenas o bem-estar emocional — elas aumentam consideravelmente o risco de doenças cardiovasculares, como infarto, AVC e hipertensão.
Essa relação foi comprovada pelo Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), uma das maiores pesquisas sobre saúde no país. Segundo os dados, pessoas que sofrem de depressão e ansiedade têm até três vezes mais chances de desenvolver problemas cardíacos em comparação àquelas sem esses transtornos.
O cenário se torna ainda mais preocupante diante das consequências da pandemia de covid-19. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), houve um aumento de 25% nos casos de distúrbios psicológicos em todo o mundo desde então, ampliando o impacto dos transtornos mentais sobre a saúde física.
“A saúde do coração está intimamente ligada à saúde da mente”, explica a Dra. Cristina Milagre, cardiologista e médica do esporte do Hcor. “O estresse e os distúrbios mentais elevam os níveis de cortisol e outros hormônios relacionados à tensão, favorecendo processos inflamatórios, aumento da pressão arterial, alterações metabólicas e até arritmias cardíacas. Além disso, pessoas em sofrimento psíquico tendem a abandonar hábitos saudáveis, como a prática de exercícios e a alimentação equilibrada”, completa.
No Brasil, os números refletem a dimensão do problema: mais de 18 milhões de pessoas convivem com transtornos de ansiedade, enquanto cerca de 12 milhões enfrentam a depressão. O país registra, em média, 380 mil infartos por ano, resultando em aproximadamente 100 mil mortes — muitas delas associadas a fatores emocionais e comportamentais.
Os transtornos mentais, no entanto, nem sempre se manifestam de forma evidente. Sintomas como cansaço constante, irritabilidade, desmotivação e alterações no sono ou apetite podem passar despercebidos, mas merecem atenção. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maiores as chances de sucesso no tratamento.
Segundo Silvia Cury, gerente de Saúde Mental do Hcor, a prevenção deve ser baseada em três pilares fundamentais:
- Buscar apoio psicológico sempre que necessário;
- Cuidar do corpo, por meio de uma boa alimentação e prática regular de atividade física;
- Manter diálogo constante com o médico de confiança, evitando o acúmulo de tensões e sobrecargas emocionais.
“Cuidar da saúde mental não é apenas uma questão emocional. É uma estratégia concreta de prevenção de doenças físicas, especialmente as cardiovasculares, que continuam sendo a principal causa de morte no Brasil e no mundo”, reforça Silvia.
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