Falhas na saúde primária ameaçam vidas e economias nas Américas

Foto: internet
Estudo revela que a falta de resiliência nos sistemas de saúde da América Latina e do Caribe pode resultar em até 165 mil mortes evitáveis e perdas econômicas de até US$ 37 bilhões em futuras emergências sanitárias
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA

A fragilidade dos cuidados de saúde nas Américas ameaça não apenas a vida de milhões de pessoas, mas também a estabilidade econômica da região. Um relatório divulgado nesta quinta-feira (2) pela Comissão Regional de Saúde das Américas do Banco Mundial e pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) alerta que a incapacidade de responder de forma eficiente a novas crises de saúde pública pode levar a centenas de milhares de mortes evitáveis e prejuízos econômicos bilionários.

A publicação, intitulada “Não há tempo a perder: a resiliência como pedra angular da atenção primária à saúde na América Latina e no Caribe”, foi apresentada em Washington, reunindo ministros da Saúde e autoridades de alto nível de diversos países. O relatório evidencia que sistemas de saúde frágeis, desiguais e com baixa capacidade de adaptação agravam os impactos de crises sanitárias, como já ocorreu durante a pandemia de Covid-19.

De acordo com as projeções, uma redução de 25% a 50% na oferta de serviços primários de saúde durante um período de um a cinco anos poderia resultar em 165 mil mortes evitáveis, incluindo 11,3 mil mortes maternas, 10 mil infantis e 149 mil por doenças não transmissíveis, além de 14 milhões de gravidezes indesejadas. As perdas econômicas para a região seriam devastadoras, variando entre US$ 7 bilhões e US$ 37 bilhões.

“Sem cuidados de saúde primários resilientes, a próxima crise atingirá novamente as comunidades mais pobres e marginalizadas com mais força. A resiliência não é um luxo — é a base da segurança sanitária, da estabilidade social e do crescimento econômico”, afirmou o diretor da Opas, Jarbas Barbosa.

O alerta reforça lições deixadas pela pandemia de Covid-19, que provocou 30% de todas as mortes globais nas Américas. Durante o período mais crítico da crise, serviços essenciais como vacinação infantil, cuidados maternos e neonatais e tratamento de doenças crônicas chegaram a cair até 50%. Em muitos países, as lacunas na cobertura persistem até hoje.

Além das fragilidades expostas pela Covid-19, a região enfrenta um cenário crescente de desastres naturais, como furacões, enchentes e secas severas. No entanto, os sistemas de saúde seguem altamente centralizados em hospitais, fragmentados e subfinanciados, o que limita a resposta rápida e integrada a emergências.

Segundo Jaime Saavedra, diretor de Desenvolvimento Humano para a América Latina e o Caribe do Banco Mundial, o fortalecimento da atenção primária à saúde é “um dos maiores desafios” para a região. Ele defendeu investimentos urgentes e a garantia de cobertura universal, especialmente para as comunidades mais vulneráveis.

 O plano de cinco pontos para sistemas de saúde resilientes

O relatório propõe que os governos da região implementem um plano de ação baseado em cinco prioridades estratégicas:

  1. Expandir modelos de cuidados equitativos e abrangentes, assegurando serviços de saúde para todas as populações, inclusive as marginalizadas.

  2. Incorporar funções essenciais de saúde pública à atenção primária, fortalecendo a prevenção e a resposta a emergências.

  3. Envolver as comunidades na tomada de decisões, respeitando sua diversidade cultural e fortalecendo a participação social.

  4. Integrar a saúde a outros setores, como educação, saneamento e segurança alimentar, reconhecendo a interdependência dos determinantes sociais da saúde.

  5. Garantir financiamento sustentável, priorizando investimentos públicos para reduzir desigualdades e melhorar a eficiência dos sistemas.

A Comissão destaca que, sem um compromisso político claro e investimento consistente, as lições da pandemia serão perdidas, deixando a região vulnerável a novas crises.

“Precisamos transformar a resiliência da atenção primária em prioridade econômica e política. É uma questão de salvar vidas e proteger o futuro das nossas comunidades”, concluiu Jarbas Barbosa.

  • Leia mais:

https://gnewsusa.com/2025/10/cpmi-pressiona-lula-apos-revelacoes-de-esquema-bilionario-na-conafer/

https://gnewsusa.com/2025/10/tyreek-hill-sofre-grave-lesao-e-esta-fora-da-temporada-da-nfl/

https://gnewsusa.com/2025/10/60194-imigracao/

 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*