Governador diz que o Rio foi deixado sozinho e apresenta documentos sobre pedidos de apoio ao governo federal

Crédito: Fernando Frazão/Agência Brasil
Chefe do Executivo fluminense afirma ter enviado solicitações formais por apoio logístico e blindados em operações contra o Comando Vermelho; Castro diz que pedidos foram ignorados e que o estado luta “sozinho contra uma guerra nacional”
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou nesta terça-feira (28) que o governo federal negou apoio ao estado em operações de combate ao crime organizado. Segundo ele, documentos oficiais comprovam que foram encaminhados pedidos formais por ajuda logística e cessão de veículos blindados das Forças Armadas, mas as solicitações não foram atendidas.

As declarações foram feitas após a realização da maior operação policial da história do Rio de Janeiro, nas comunidades da Penha e do Alemão, que resultou em dezenas de mortos, prisões e apreensões de armas. A ação envolveu mais de mil agentes das polícias Civil e Militar, com apoio limitado de forças federais.

Castro afirma que o governo federal ignorou pedidos de apoio

Durante coletiva de imprensa realizada no Palácio Guanabara, Cláudio Castro afirmou que o Estado do Rio encaminhou três pedidos formais ao governo federal, solicitando apoio logístico e empréstimo de blindados para reforçar as operações contra a facção criminosa Comando Vermelho (CV).

O governador declarou que as solicitações foram ignoradas ou recusadas, o que, segundo ele, demonstra “falta de compromisso do governo federal com a segurança pública do Rio de Janeiro”.

“Nós estamos sozinhos nesta luta. O Rio de Janeiro tem enfrentado o crime organizado com as próprias forças. Fizemos pedidos formais, enviamos documentos, e todos foram negados. Isso é lamentável, porque a guerra contra o crime não é apenas do Rio, é uma guerra do Brasil inteiro”, afirmou Castro.

O governador também declarou que decidiu tornar públicos os documentos que comprovam o envio dos pedidos, reforçando que o objetivo é dar transparência às ações do governo estadual.

“Eu não quero confronto político. Eu quero que o governo federal reconheça que o Rio precisa de ajuda. Enviamos documentos, temos protocolos e registros. O que eu estou mostrando é a verdade”, completou.

Documentos e pedidos oficiais

Segundo informações do governo do estado, os documentos apresentados incluem ofícios e relatórios operacionais encaminhados entre janeiro e setembro de 2025 ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e ao Ministério da Defesa.

Os textos, de acordo com o gabinete do governador, detalham solicitações de:

  • apoio logístico em operações de grande porte;

  • cessão de veículos blindados da Marinha;

  • reforço de contingente da Força Nacional;

  • suporte de inteligência integrada.

Os documentos foram classificados como “confidenciais”, mas trechos foram divulgados à imprensa para comprovar o envio das solicitações.

Fontes do governo estadual afirmam que as comunicações foram devidamente protocoladas, embora não tenham recebido retorno formal do governo federal sobre o deferimento dos pedidos.

Castro critica ausência de GLO e diz que o Rio precisa de apoio nacional

O governador também voltou a criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por não autorizar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que permitiria o uso das Forças Armadas em apoio às polícias estaduais.

“O governo federal se recusa a reconhecer que o Rio vive uma situação de guerra. O que pedimos não é um favor, é um dever da União. A Constituição diz que segurança pública é responsabilidade de todos os entes. O que falta é vontade política”, disse Castro.

Ele também afirmou que a situação do Rio ultrapassa as fronteiras estaduais, destacando que o tráfico de drogas e de armas envolve rotas interestaduais e internacionais.

“A gente apreende armas que vêm de outros estados e drogas que atravessam fronteiras. Isso não é um problema local, é nacional. O crime organizado não respeita limites geográficos”, afirmou.

Contexto da crise de segurança no estado

A mais recente operação contra o Comando Vermelho ocorreu nos Complexos da Penha e do Alemão e resultou em dezenas de mortes e mais de 80 prisões, além da apreensão de 42 fuzis e centenas de armas menores.

A ação foi coordenada pelas polícias Civil e Militar do estado e teve como objetivo conter a expansão territorial do CV, que segundo o governo, domina mais da metade das comunidades da capital fluminense.

Castro afirmou que o governo estadual tem investido em inteligência, tecnologia e aumento do efetivo, mas ressaltou que “o enfrentamento ao crime organizado exige apoio federal constante”.

“Não estamos pedindo soldados, estamos pedindo parceria. O que o Rio quer é que o governo federal esteja presente de verdade, com recursos, equipamentos e cooperação”, declarou.

Sem apoio federal, governo estadual mantém plano próprio

O governo do Rio informou que, mesmo sem resposta de Brasília, continuará executando o Plano Estadual de Combate ao Crime Organizado, que prevê ações integradas entre as polícias, investimentos em inteligência e criação de novas unidades especializadas.

De acordo com o gabinete do governador, o plano inclui metas de redução de homicídios, retomada de territórios controlados por facções e reforço das operações em áreas de risco.

“O Rio não vai recuar. Vamos continuar trabalhando, com ou sem apoio federal. A população fluminense merece viver em paz”, afirmou Castro.

Próximos passos

O governo do estado informou que pretende encaminhar novos ofícios ao Ministério da Justiça e ao Ministério da Defesa para reiterar os pedidos de apoio.
Castro também deve levar o assunto à pauta da próxima reunião do Fórum Nacional de Governadores, solicitando uma discussão sobre o papel da União na segurança pública estadual.

O governador encerrou sua fala afirmando que não busca confronto político, mas cooperação institucional:

“A segurança do Rio é uma causa do Brasil. Eu quero que o presidente saiba que estamos abertos ao diálogo, mas o que não dá é para deixar o povo fluminense à mercê da violência.”

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