PF cumpre mandados e apreende R$ 22 milhões em fraude com ‘herdeiros fantasmas’
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 30 de outubro de 2025, a Operação Capgras, uma das ações mais complexas dos últimos meses contra o crime financeiro e a infiltração de facções em órgãos públicos.
O grupo investigado é acusado de forjar vínculos familiares com professores universitários falecidos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com o objetivo de receber ilegalmente pensões e benefícios previdenciários.
As investigações indicam que o grupo criou uma rede de ‘herdeiros fantasmas’ — pessoas que se passavam por filhos e cônjuges de servidores mortos — para acessar valores do sistema previdenciário federal. Parte dos recursos, segundo a PF, foi direcionada ao Comando Vermelho, facção que domina áreas estratégicas do Rio de Janeiro e vem sendo alvo de operações sucessivas desde o início da semana.
Mandados e apreensões de luxo
A ação ocorreu simultaneamente em cidades do Rio de Janeiro e em Mogi das Cruzes (SP), onde os agentes cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e 23 mandados de busca e apreensão.
Durante as buscas, foram encontrados computadores com planilhas e arquivos de movimentação financeira, além de joias, cofres, relógios de alto valor, dinheiro em espécie e uma máquina de contar cédulas. Os investigadores também apreenderam veículos de luxo e documentos que comprovam a utilização de empresas de fachada para lavar o dinheiro obtido de forma fraudulenta.
Segundo os dados levantados, o grupo movimentou cerca de R$ 22 milhões entre janeiro de 2022 e dezembro de 2024.
Infiltração de facções nas estruturas do Estado
A descoberta de que parte do dinheiro desviado teria abastecido o Comando Vermelho reacende o debate sobre a atuação de facções criminosas em esquemas de corrupção e fraudes previdenciárias dentro de instituições públicas.
Na terça-feira, 28 de outubro de 2025, o governo do Rio de Janeiro deflagrou a Operação Contenção, que resultou em 113 prisões, além da apreensão de 118 armas e 14 explosivos.
Síndrome de Capgras e o nome da operação
O nome da operação faz referência à Síndrome de Capgras, transtorno psiquiátrico em que o indivíduo acredita que pessoas próximas foram substituídas por impostores. A escolha é simbólica: os criminosos literalmente se passaram por familiares de professores mortos para enganar o sistema previdenciário e enriquecer com dinheiro público.
Denúncia que deu início à investigação
A fraude começou a ser desvendada após a denúncia de um pensionista da UFRJ, que percebeu a inclusão irregular de um suposto filho em sua conta de benefícios. A partir disso, a Polícia Federal rastreou registros falsos, documentos adulterados e movimentações bancárias suspeitas, revelando um esquema estruturado e com ramificações interestaduais.
Próximos passos e possíveis desdobramentos políticos
Os investigados responderão pelos crimes de falsificação de documento público, estelionato, uso de documento falso, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Fontes próximas ao Planalto afirmam que o caso está sendo acompanhado com atenção, já que envolve recursos públicos federais. Integrantes do governo e de universidades reforçam a importância de ampliar os mecanismos de controle para evitar novas fraudes em instituições de ensino superior.
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