
Cessar-fogo imediato prevê retirada parcial de tropas, libertação de reféns e envio de ajuda humanitária
Por Tatiane Martinelli |GNEWSUSA
O governo de Israel aprovou na quinta-feira, 9 de outubro de 2025, o acordo de cessar-fogo com o Hamas, encerrando oficialmente dois anos e dois dias de conflito na Faixa de Gaza. A decisão foi tomada após uma longa reunião do gabinete liderado pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, e marca o início da retirada gradual das tropas israelenses do território.
O Hamas confirmou o fim da guerra após receber garantias dos Estados Unidos, Turquia, Qatar e Egito, mediadores das negociações. O cessar-fogo tem efeito imediato, e o primeiro recuo militar de Israel deve ocorrer em até 24 horas.
Durante o encontro, Netanyahu declarou que o país está ‘próximo de alcançar o retorno dos reféns’ ainda sob poder do Hamas — um dos principais objetivos de guerra. Ao lado de Steve Witkoff e Jared Kushner, enviados do presidente Donald Trump, o premiê afirmou:
“Lutamos por dois anos para atingir nossos objetivos. Um deles era trazer de volta todos os reféns, vivos ou mortos. Estamos prestes a conseguir isso.”
Pelo acordo, o Hamas terá 72 horas após a retirada das tropas para entregar todos os reféns israelenses, com expectativa de que os primeiros retornem a Israel no sábado. Ainda não há confirmação se os corpos das vítimas serão devolvidos no mesmo prazo.
Em contrapartida, Israel libertará prisioneiros palestinos, com prioridade para mulheres e crianças, conforme exigência da facção. O Exército israelense já anunciou que iniciou “preparações operacionais” para o recuo das forças, que reduzirão seu controle de 70% para 53% do território, deixando as principais áreas urbanas.
Uma segunda etapa do acordo prevê a criação de uma força internacional de estabilização, com 200 soldados americanos em apoio logístico, mas sem entrada em Gaza. Mesmo após a retirada, Israel manterá uma zona-tampão em torno de toda a Faixa de Gaza, incluindo o corredor Filadélfia, fronteira com o Egito.
Com isso, o plano apoiado por Trump prevê que a ajuda humanitária entre livremente no território — 150 caminhões com suprimentos já aguardam liberação na fronteira sul.
Entretanto, o desarmamento do Hamas segue como o ponto mais sensível e ainda indefinido. O grupo afirma que não entregará suas armas, enquanto Israel insiste que a desmilitarização é essencial para consolidar a paz. Analistas preveem que ambas as partes terão de aceitar concessões parciais, equilibrando retirada militar e autonomia política em Gaza.
Internamente, Netanyahu enfrenta forte pressão política. Críticos o acusam de prolongar o conflito por interesse próprio, enquanto o país lidava com protestos e a angústia das famílias dos reféns. Dos 251 sequestrados no ataque inicial do Hamas, 50 continuam em Gaza, sendo 20 possivelmente vivos. Já o número de mortos em Gaza ultrapassa 67 mil, segundo o Ministério da Saúde local.
Mesmo diante das críticas, o gabinete do premiê declarou que “todos os objetivos foram atingidos”, citando o retorno dos reféns, a derrota militar do Hamas e a segurança de Israel. Em Tel Aviv, a Praça dos Reféns — símbolo das manifestações pela paz — foi tomada por familiares e apoiadores comemorando o anúncio do fim da guerra.
Netanyahu também reforçou o apoio à candidatura de Donald Trump ao Prêmio Nobel da Paz, agradecendo publicamente o papel do ex-presidente americano na mediação do acordo. Em comunicado oficial, a porta-voz Shosh Bedrosian informou que ambos conversaram por telefone após a aprovação:
“Foi uma conversa calorosa e emotiva. Os dois líderes se parabenizaram por esta conquista histórica.”
Trump deve visitar Jerusalém no próximo domingo, encerrando o capítulo mais sangrento do conflito entre Israel e Hamas desde 2014 — um acordo que, embora frágil, reacende a esperança de estabilidade e reconstrução na região.
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