Itália nega prisão de Tagliaferro e expõe limites do poder de Moraes

Decisão internacional evidencia falhas no sistema judicial e alerta sobre o uso político da Justiça no Brasil

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

A Justiça italiana rejeitou o pedido de prisão preventiva contra Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em decisão que reforça a autonomia e imparcialidade das autoridades europeias diante de pressões externas.

Tagliaferro foi detido pela polícia italiana na quarta-feira, 1º de outubro de 2025, mas foi liberado logo depois. Durante a detenção, foi informado sobre o pedido de extradição feito pelo Brasil. A corte italiana considerou que as acusações já eram de conhecimento público e que o ex-assessor não tentou se esconder, tornando desnecessária a prisão preventiva.

Medidas cautelares impostas

Mesmo liberado, Tagliaferro deve cumprir algumas restrições:

Informar à polícia italiana o horário em que estará em casa, para permitir verificações domiciliares;

Ficar proibido de deixar a cidade sem autorização judicial;

Ter seu passaporte retido como medida preventiva.

Essas medidas garantem que o processo de extradição possa seguir sem comprometer a liberdade do ex-assessor, que continua aguardando a decisão final das autoridades italianas.

Defesa de Tagliaferro

Os advogados de Tagliaferro qualificaram a ordem judicial brasileira como “arbitrária”, ressaltando que o ex-assessor não violou qualquer lei italiana e que agora espera que o processo secreto brasileiro seja disponibilizado para que possa defender seus direitos e garantias constitucionais.

Acusações e contexto

O procurador-geral Paulo Gonet acusou Tagliaferro de vazar mensagens relacionadas a Alexandre de Moraes, alegando que teria agido contra a legitimidade do processo eleitoral brasileiro e prejudicado investigações sobre atos antidemocráticos.

Em contrapartida, Moraes afirmou que todos os procedimentos do TSE foram legais e regulares, e que os dados coletados foram encaminhados às autoridades competentes. Para o ministro, os relatórios divulgados não continham informações sigilosas e estavam dentro do escopo das investigações eleitorais.

Repercussão e perspectivas

A decisão italiana gerou repercussão imediata no Brasil. Setores da oposição e analistas políticos da direita interpretam a negativa de prisão como um alerta sobre o uso indevido do sistema judicial brasileiro para perseguir adversários políticos. Para esses setores, a ação de Moraes evidencia excessos de autoridade e abuso de poder dentro do TSE.

O processo de extradição ainda está em andamento. Enquanto isso, Tagliaferro segue sob as medidas cautelares italianas, aguardando a decisão final que determinará se será ou não entregue às autoridades brasileiras.

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