Primeira-ministra eleita promete reforçar fiscalização e restringir direitos de estrangeiros em meio ao avanço do discurso nacionalista
Por Chico Gomes | GNEWSUSA
A eleição de Sanae Takaichi como primeira-ministra do Japão marca um novo capítulo na política migratória do país. Ex-ministra dos Assuntos Internos e da Segurança Econômica, Takaichi derrotou Shinjiro Koizumi em votação interna e se tornará a primeira mulher a ocupar o cargo, consolidando também um discurso conservador e nacionalista.
Sua plataforma inclui regras mais rígidas para imigrantes, maior fiscalização e políticas de segurança em áreas com grande presença de estrangeiros. Segundo o professor Shunsuke Tanabe, da Universidade Waseda, essa é “uma abordagem oportunista”, já que o Japão depende da mão de obra estrangeira, mas pouco investe na integração dessas comunidades.
O contraste é claro: o país enfrenta escassez de trabalhadores e envelhecimento populacional, mas reforça narrativas que dificultam a inclusão e aumentam o risco de xenofobia institucional.
A guinada à direita também se reflete no crescimento do partido Sanseito, que, inspirado no “America First” de Donald Trump, adota o lema “Japanese First” para defender deportações rápidas, revisão de vistos e restrições à compra de imóveis por estrangeiros.
Essas posições preocupam os 3,3 milhões de residentes estrangeiros, incluindo milhares de brasileiros. Estão em risco mudanças no visto permanente, aumento da estigmatização e novas barreiras no mercado de trabalho.
Diante desse cenário, organizações como o Movimento Brasileiros Emigrados (MBE) têm se mobilizado para combater o discurso de ódio e exigir políticas de igualdade e integração.
O Japão vive, hoje, um paradoxo: precisa de imigrantes para sustentar sua economia, mas adota políticas que dificultam sua permanência e inclusão. O futuro do país dependerá da forma como escolher lidar com essa contradição.
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