Trabalhadores e aposentados são os mais afetados pelos recursos públicos desviados de hospitais, escolas e benefícios sociais
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
Durante os três mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil assistiu ao desenrolar de alguns dos maiores escândalos de corrupção de sua história. Entre eles, o Mensalão, o Petrolão — investigado pela Operação Lava Jato — e, mais recentemente, o caso da fraude bilionária no INSS, que atingiu diretamente aposentados e pensionistas.
Em comum, os três episódios revelam um padrão de uso político da máquina pública e um rombo gigantesco aos cofres do Estado, estimado em bilhões de reais desviados.
Mensalão, a verdadeira mensalidade do poder
O Mensalão, revelado em 2005, no primeiro mandato de Lula, expôs um esquema de compra de apoio parlamentar por meio do pagamento de propinas mensais a deputados federais. Segundo a Procuradoria-Geral da República, mais de R$ 100 milhões foram distribuídos a políticos da base aliada para garantir votações favoráveis ao governo no Congresso.
O operador do esquema, Marcos Valério, foi condenado a mais de 40 anos de prisão, enquanto figuras centrais do governo, como José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino, também foram sentenciados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Penal 470.
O caso, considerado o primeiro grande escândalo de corrupção da era petista, marcou um divisor de águas na política nacional. O próprio STF classificou o Mensalão como “um ataque direto às instituições democráticas”.
Petrolão revela o maior rombo da história da Petrobras
Dez anos depois, um novo escândalo de proporções muito maiores veio à tona. A Operação Lava Jato, deflagrada em 2014, revelou um esquema bilionário de corrupção na Petrobras, envolvendo empreiteiras, diretores da estatal e partidos políticos.
Auditorias internas da própria empresa apontaram perdas de R$ 6,2 bilhões apenas em propinas e superfaturamentos reconhecidos oficialmente. O Ministério Público Federal (MPF), porém, estimou o prejuízo total em mais de R$ 19 bilhões, enquanto relatórios paralelos apontam impactos que ultrapassam R$ 40 bilhões.
O esquema consistia em contratos superfaturados e repasses ilegais destinados a financiar campanhas e fortalecer um projeto de poder político que se estendia por diversas estatais e ministérios.
Diretores da Petrobras, como Paulo Roberto Costa e Renato Duque, confessaram a existência de propinas sistemáticas e detalharam o envolvimento de partidos como PT, PP e MDB.
Embora os processos da Lava Jato tenham sido posteriormente anulados por decisões do Supremo Tribunal Federal, as provas e delações colhidas durante as investigações expuseram a engrenagem de corrupção que operava dentro da Petrobras. O escândalo marcou um período de investigações de corrupção bilionária e aparelhamento político de estatais.
Deixando marcas profundas no patrimônio público e na credibilidade do país.
Fraude no INSS é o golpe contra quem trabalhou a vida inteira
Mais recentemente, durante o terceiro mandato de Lula, o país enfrenta uma nova crise: a fraude bilionária no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU) em 2025, revelou um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões de beneficiários em todo o país.
De acordo com o relatório da CGU, o valor investigado chega a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Em depoimentos, 97% dos aposentados ouvidos negaram ter autorizado qualquer desconto.
O modelo envolvia associações falsas e sindicatos fantasmas que cobravam mensalidades sem consentimento dos beneficiários.
Segundo parlamentares da oposição, parte da fraude teria ocorrido nos primeiros anos do terceiro mandato de Lula
o que levou a oposição a pedir a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar a responsabilidade administrativa e política da gestão.
Até o momento, 400 quebras de sigilo bancário e fiscal foram aprovadas para rastrear o destino dos recursos.
O custo social da corrupção
Os três casos revelam o mesmo padrão: dinheiro público desviado em benefício político e pessoal, sempre em detrimento de quem mais precisa. Cada centavo roubado representa um hospital que não foi equipado, uma escola que não foi construída, um aposentado enganado.
Economistas do Tribunal de Contas da União (TCU) estimam que os prejuízos combinados entre Mensalão, Petrolão e INSS poderiam financiar milhares de creches, hospitais regionais e obras de infraestrutura em todo o país.
Conclusão — O ciclo da corrupção que nunca termina
De 2003 a 2025, o Brasil viveu três mandatos de um mesmo líder e três escândalos que definiram sua trajetória política.
A repetição dos escândalos mostra que o problema é tanto estrutural quanto político, com falhas graves de gestão e controle. A corrupção prospera quando o governo fecha os olhos, aparelha instituições e transforma o poder em escudo para seus aliados.
Enquanto o Estado for usado como instrumento de permanência no poder, o trabalhador brasileiro continuará pagando a conta — com impostos, com desemprego e com a perda da confiança em quem deveria governar para ele.
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