Lula torra milhões em propaganda enquanto rombo fiscal ameaça o país

Campanhas nas redes sociais promovem isenção do Imposto de Renda, mas economistas alertam para impacto de R$ 27 bilhões e risco de desequilíbrio nas contas públicas

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

Brasília — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou ao Congresso Nacional o projeto de lei nº 1.087/2025, que amplia a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil mensais.

A proposta, que deve entrar em vigor em 2026, foi anunciada como parte de uma agenda de “justiça tributária”, mas especialistas alertam para os riscos fiscais e o caráter político da medida.

De acordo com estimativas oficiais, o projeto pode custar cerca de R$ 27 bilhões por ano aos cofres públicos. O governo afirma que esse valor será compensado com novas tributações sobre rendas mais altas, mas ainda não apresentou detalhes concretos sobre como equilibrar a arrecadação.

“O discurso de neutralidade fiscal é questionável. O impacto orçamentário é alto, e a compensação depende de medidas que ainda não existem na prática”, explica o economista Marcelo Azevedo, professor da Universidade de Brasília.

Populismo tributário e efeitos eleitorais

O projeto de isenção ocorre em meio à queda de popularidade do governo, especialmente entre trabalhadores de renda média, que compõem parte importante do eleitorado. Analistas enxergam a iniciativa como uma tentativa de recompor apoio político, usando o discurso de alívio tributário como ferramenta de comunicação.

A ampliação da faixa de isenção beneficia parte da classe média urbana, mas não resolve os problemas estruturais da carga tributária, concentrada em impostos sobre consumo, que afetam mais as camadas de baixa renda.

“É uma proposta de forte apelo eleitoral, mas sem garantia de sustentabilidade. O custo é elevado e o retorno social é limitado”, avalia o tributarista Eduardo Oliveira, consultor independente.

Especialistas alertam para impacto nas finanças públicas

Atualmente, a faixa de isenção está em R$ 2.824 mensais. A elevação para R$ 5 mil praticamente dobra o limite, o que representa uma redução expressiva na arrecadação federal.

Segundo técnicos da Receita Federal, a medida só seria neutra se houvesse aumento equivalente de receita em outros setores, o que ainda não está garantido.

A preocupação é que o projeto, sem compensação adequada, possa agravar o déficit fiscal — que já ultrapassa R$ 100 bilhões em 2025, conforme o Tesouro Nacional.

Reação política e debate no Congresso

O texto do projeto foi bem recebido por parlamentares da base aliada, mas enfrenta resistência de setores da oposição, que cobram clareza sobre as fontes de compensação.

Deputados ligados à área econômica argumentam que o governo tenta cumprir promessas de campanha sem avaliar o impacto real sobre as contas públicas.

“Ninguém é contra aliviar o bolso do trabalhador, mas é preciso responsabilidade. Essa proposta pode aumentar o rombo fiscal e gerar desconfiança do mercado”, disse o deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP).

Contexto e próximos passos

O projeto segue para análise na Câmara dos Deputados e, depois, no Senado Federal. Mesmo que aprovado, especialistas afirmam que o governo terá de adotar medidas de contenção de gastos para evitar desequilíbrio orçamentário.

Enquanto o Planalto reforça o discurso de justiça tributária, a equipe econômica enfrenta o desafio de provar que a proposta não comprometerá as metas fiscais.

Sem esse equilíbrio, há o risco de a medida — embora popular — se transformar em mais um fator de pressão sobre as contas públicas e a credibilidade econômica do governo.

Leia mais

Imigração e envelhecimento desafiam o futuro de Portugal

Trump autoriza envio da Guarda Nacional a Chicago em meio a protestos contra política de imigração

Brasil: CPMI do INSS ouve ex-sócio de advogado após apreensão de bens de luxo

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*