Relatório global revela que apenas um em cada cinco hipertensos recebe tratamento adequado; doença é responsável por milhões de mortes anuais e ameaça sobrecarregar sistemas de saúde
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
A hipertensão arterial, conhecida como “assassina silenciosa”, continua sendo uma das maiores ameaças à saúde pública global. De acordo com o segundo Relatório Global sobre Hipertensão divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) durante a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, cerca de 1,4 bilhão de pessoas viviam com a doença em 2024, mas menos de 20% têm a pressão arterial sob controle. A entidade alerta que, sem ação urgente, milhões de mortes evitáveis continuarão ocorrendo todos os anos.
A dimensão do problema
A hipertensão é apontada pela OMS como uma das principais causas de ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais (AVC), doenças renais crônicas e demência.
Essas condições, que frequentemente poderiam ser prevenidas, representaram um custo econômico de US$ 3,7 trilhões para países de baixa e média renda entre 2011 e 2025, o equivalente a 2% do PIB combinado dessas nações.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou a urgência da situação:
“A cada hora, mais de mil vidas são perdidas devido a AVCs e ataques cardíacos causados pela hipertensão arterial. A maioria dessas mortes é evitável. Com vontade política, investimento contínuo e reformas que integrem o controle da hipertensão nos serviços de saúde, podemos salvar milhões de vidas.”
Falhas no controle e no acesso a medicamentos
O relatório analisou dados de 195 países e territórios e constatou que 99 deles têm taxas de controle da hipertensão inferiores a 20%.
A disparidade entre países ricos e pobres é marcante: enquanto 93% dos países de alta renda relatam acesso a todos os medicamentos recomendados pela OMS, essa taxa cai para apenas 28% nos países de baixa renda.
Tom Frieden, diretor executivo da organização Resolve to Save Lives, reforçou a importância de medidas práticas:
“Existem medicamentos seguros e eficazes, mas muitas pessoas não têm acesso a eles. Eliminar essa lacuna salvará vidas e economizará bilhões de dólares todos os anos.”
Barreiras persistentes
Entre os maiores desafios para o controle da hipertensão estão:
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Falta de políticas públicas de promoção à saúde;
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Acesso limitado a aparelhos de medição confiáveis;
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Escassez de protocolos clínicos padronizados;
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Cadeias de abastecimento frágeis e medicamentos caros;
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Insuficiência de equipes de saúde e de cobertura financeira aos pacientes.
A OMS ressalta que o fortalecimento da atenção primária à saúde e a integração do controle da hipertensão nos pacotes de cobertura universal são medidas urgentes.
Exemplos de progresso
Apesar do quadro preocupante, alguns países apresentaram avanços significativos:
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Bangladesh: aumentou o controle da hipertensão de 15% para 56% em algumas regiões entre 2019 e 2025, ao integrar o tratamento no pacote essencial de saúde;
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Filipinas: incorporaram o controle da pressão arterial nos serviços comunitários;
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Coreia do Sul: atingiu 59% de controle nacional após reduzir custos de medicamentos e ampliar o acesso a tratamentos.
Esses exemplos demonstram que políticas públicas consistentes e investimentos direcionados podem reverter o cenário.
Chamado à ação global
A OMS reforça que controlar a hipertensão deve ser prioridade nas reformas dos sistemas de saúde e nas políticas de cobertura universal.
A adoção em larga escala das medidas recomendadas pela agência — que incluem maior acesso a medicamentos, equipamentos de monitoramento e equipes capacitadas — poderia evitar milhões de mortes prematuras e reduzir o impacto econômico da doença nos próximos anos.
A entidade conclui que a hipertensão é um dos maiores desafios da saúde pública global, mas também um dos mais solucionáveis, desde que os governos ajam de forma coordenada e imediata.
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