Suspeito é acusado de ceder imóvel usado para planejar a emboscada que vitimou o ex-chefe da Polícia Civil paulista
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
A Polícia Civil de São Paulo prendeu neste sábado (25) Paulo Henrique Caetano Sales, de 38 anos, conhecido como PH, suspeito de envolvimento no assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes. A captura ocorreu no Jardim Shangrilá, zona sul da capital paulista.
De acordo com a investigação, PH seria proprietário de uma das casas usadas pelo grupo criminoso em Praia Grande, no litoral paulista, onde teriam ocorrido reuniões e o planejamento da execução. Ele é o nono preso no caso. Outros dois suspeitos seguem foragidos e um foi morto em confronto com policiais no Paraná, no fim de setembro.
Crime planejado por meses
O ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes, de 64 anos, foi assassinado em 15 de setembro, quando deixava a Prefeitura de Praia Grande, onde atuava como secretário de Administração. Ele foi atingido por vários disparos em uma emboscada.
Fontes, que comandou a Polícia Civil de São Paulo entre 2019 e 2022, era conhecido por sua atuação firme contra o Primeiro Comando da Capital (PCC). Durante sua carreira, foi responsável por indiciar toda a cúpula da facção criminosa em 2006, incluindo o líder Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola.
As apurações apontam que o grupo responsável pela execução utilizou pelo menos quatro imóveis no litoral para monitoramento, logística e abrigo dos envolvidos. Um desses imóveis, segundo a polícia, pertencia a PH e era ocupado desde abril por Umberto Alberto Gomes, apontado como um dos articuladores do crime — morto em confronto com equipes policiais no Paraná.
Motivação e ligação com licitação pública
Os investigadores trabalham com a hipótese de que o crime tenha ligação com uma licitação da Prefeitura de Praia Grande, avaliada em cerca de R$ 24 milhões. A disputa, segundo fontes da investigação, teria afetado interesses de membros da facção criminosa.
No início do mês, a Polícia Civil realizou busca e apreensão na casa do subsecretário de Gestão e Tecnologia do município, Sandro Rogério Pardini, recolhendo celulares, computadores e valores em dinheiro. A defesa de Pardini negou qualquer envolvimento e afirmou que ele está colaborando com as autoridades.
Rede de apoio e execução
Entre os nove presos até agora, há pessoas com diferentes funções no crime, desde o monitoramento da rotina de Fontes, até a logística de fuga e ocultação das armas.
Um dos detidos, José Nildo da Silva, de 47 anos, foi capturado em Itanhaém e é apontado como um dos possíveis atiradores.
Câmeras de segurança analisadas pela polícia mostram carros usados para seguir o ex-delegado semanas antes da execução. Um dos veículos, uma caminhonete, foi incendiado após o crime para dificultar rastreamento. Outro carro foi apreendido e periciado.
Investigações em andamento
De acordo com a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o crime foi planejado com antecedência e monitoramento constante. As equipes seguem à procura dos dois suspeitos foragidos e apuram novas conexões financeiras e telefônicas entre os envolvidos.
A defesa de Paulo Henrique Caetano Sales não foi localizada até o momento da publicação. A Polícia Civil afirma que as diligências continuam e não descarta novas prisões nos próximos dias.
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