Roubo milionário no Louvre expõe falhas e reacende debate sobre segurança dos museus franceses

PARIS, FRANCE - OCTOBER 19: Police stand guard outside the Louvre museum at Louvre on October 19, 2025 in Paris, France. France's Culture Minister, Rachida Dati, announced the closure of the world-famous art museum on X due to the robbery taking place just after the Louvre opened to the public. It is being reported that millions of pound with of historic jewellery belonging to Napoleon and Empress Josephine has been stolen (Photo by Remon Haazen/Getty Images)
Assalto de € 88 milhões em joias napoleônicas é o mais ousado da França em décadas e coloca a direção do museu sob pressão política
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA

O assalto mais audacioso da França em décadas deixou o país em estado de choque e colocou o Museu do Louvre sob intensa pressão. Avaliada em cerca de € 88 milhões (R$ 550 milhões), a perda das joias da coroa francesa reacendeu o debate sobre a segurança dos grandes acervos culturais do mundo.

O crime ocorreu na manhã de domingo (19), quando quatro ladrões invadiram a Galeria Apollo, uma das áreas mais visitadas do museu, e levaram oito joias napoleônicas em uma operação que durou apenas sete minutos. A quadrilha utilizou uma escada de um elevador de móveis para alcançar uma janela do primeiro andar, arrombando-a em plena luz do dia, logo após a abertura ao público.

Em resposta, o Louvre foi fechado imediatamente e permaneceu com as portas trancadas durante a segunda e a terça-feira. Ainda não há previsão de reabertura. Nesta quarta-feira, a presidente e diretora do museu, Laurence des Cars, deve prestar esclarecimentos ao comitê de cultura do parlamento francês, respondendo sobre possíveis falhas de segurança e demora na reação da equipe.

Mistério e controvérsia

A ministra da Cultura, Rachida Dati, tentou conter a onda de críticas ao afirmar na Assembleia Nacional que “o aparato de segurança do Museu do Louvre não falhou”. Segundo ela, o sistema funcionou conforme o previsto, mas parte do orçamento será redirecionada para reforçar a vigilância e modernizar o circuito interno de câmeras.

O Louvre, por sua vez, declarou que as vitrines das joias foram instaladas em 2019, oferecendo melhorias significativas em relação às anteriores. Ainda assim, parlamentares e especialistas questionam como os ladrões conseguiram agir tão rapidamente sem serem interceptados, apontando a falta de vigilância humana nas galerias mais sensíveis como um possível ponto fraco.

Investigações em curso

O caso está sendo conduzido pela Brigade de Répression du Banditisme (BRB), unidade de elite da polícia francesa especializada em grandes roubos, que já solucionou casos de destaque, como o assalto à estrela Kim Kardashian em 2016. A operação conta também com o apoio de peritos do Escritório Central de Combate ao Tráfico de Bens Culturais, responsáveis por investigações envolvendo artefatos históricos.

Apesar da precisão do golpe, os investigadores já dispõem de pistas relevantes: no local foram encontrados um colete amarelo com vestígios de DNA, motocicletas abandonadas, uma placa falsa de automóvel, a mala usada na escalada e uma das joias — a coroa da Imperatriz Eugénie, esposa de Napoleão III.

A promotora Laure Beccuau declarou à rádio RTL que há esperança de recuperar parte das peças. “Os criminosos não lucrariam € 88 milhões se tivessem a ideia absurda de desmontá-las. Podemos esperar que não as destruam sem motivo”, afirmou.

Uma onda de roubos culturais

O governo francês confirmou que não será indenizado pelas peças roubadas, já que o Louvre não possui seguro privado — o Estado atua como seu próprio segurador, evitando custos de apólices diante da baixa taxa de sinistros.

O episódio se soma a uma série de roubos recentes em museus franceses. Em setembro, o Museu Nacional Adrien Dubouché, em Limoges, teve duas bandejas chinesas e um vaso histórico furtados. No mesmo mês, uma mulher chinesa foi presa por roubar mais de US$ 1 milhão em ouro do Museu de História Natural de Paris.

O caso do Louvre, no entanto, se destaca pela ousadia, precisão e impacto simbólico — um lembrete de que, mesmo sob vigilância máxima, o coração cultural da França ainda pode ser vulnerável.

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