
Presidente de El Salvador, conhecido pela política de mão dura contra o crime, criticou a incapacidade do Brasil de enfrentar facções e afirmou que a infiltração do crime organizado no Estado é a principal razão para a violência persistente.
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, voltou a chamar a atenção da comunidade internacional nesta terça-feira (25) ao afirmar que a presença do crime organizado no Brasil só se mantém porque “eles estão no governo”. Em declarações polêmicas, Bukele questionou a falta de controle do Brasil sobre territórios dominados por facções criminosas e comparou a situação do país com a de outras nações de grande território, como Canadá, Índia e China.
Em entrevista divulgada por veículos internacionais, o presidente salvadorenho afirmou que nenhum país é incapaz de enfrentar o crime organizado, desde que haja vontade política.
“Eu acredito que não há governo que não possa eliminar a criminalidade, isso é absurdo. O Leviatã, o Estado, é sempre mais forte que qualquer organização criminosa”, disse Bukele.
O líder salvadorenho, que assumiu o poder em 2019, destacou os avanços de sua política de segurança:
“Nós demonstramos isso: éramos o país mais inseguro do mundo e agora somos o mais seguro do hemisfério.”
Brasil como exemplo negativo
Bukele citou o Brasil como um exemplo da força das facções criminosas diante da ineficácia do Estado em impor controle sobre todo o território nacional.
“As organizações criminosas do Brasil são muito maiores, mas também o Estado do Brasil é muito maior, mais forte e poderoso do que as organizações. Não podemos aceitar que as facções controlem zonas inteiras, bairros ou cidades. Algo está errado.”
Ele mencionou que não há justificativa geográfica para a falta de controle no país:
“O que acontece é que no Brasil temos a selva? O Canadá tem territórios impenetráveis que não se pode atravessar, tundra e tudo mais, e não há ninguém que controle um pedacinho.”
Bukele também comparou a realidade brasileira à de países populosos e de grande extensão territorial:
“A Índia e a China têm enormes populações e vastos territórios, mas não permitem que organizações criminosas dominem regiões inteiras.”
Acusação de infiltração no governo
O ponto mais polêmico da fala de Bukele foi a afirmação de que o crime organizado só consegue manter poder em alguns países latino-americanos por causa de sua infiltração no Estado.
“Como é possível que uma organização criminosa possa se apropriar de um território inteiro e o governo não possa tirá-los de lá? Porque eles estão no governo, por isso.”
A declaração acirra o debate sobre o avanço das facções no Brasil, que, segundo especialistas, estariam presentes não apenas no tráfico de drogas, mas também em atividades como contrabando, fraudes financeiras e até contratos públicos.
Contexto da política de Bukele
Nayib Bukele ganhou destaque internacional por sua política de tolerância zero contra o crime organizado, iniciada em 2022. Ele impôs um estado de exceção que resultou na prisão de mais de 75 mil pessoas suspeitas de integrar gangues, reduzindo drasticamente os índices de homicídios em El Salvador, que antes figurava entre os países mais violentos do mundo.
Embora elogiado por parte da população, o modelo de Bukele é alvo de críticas de organizações de direitos humanos, que denunciam prisões arbitrárias, maus-tratos e a erosão de garantias democráticas.
Repercussão
A fala do presidente salvadorenho gerou reações entre analistas políticos e especialistas em segurança pública no Brasil. Alguns veem as críticas como um alerta para a fragilidade do Estado brasileiro diante das facções, enquanto outros consideram as declarações de Bukele como uma tentativa de exportar sua política de segurança de linha dura.
Até o momento, o governo brasileiro não comentou oficialmente as declarações.
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