Presos em Confins dois brasileiros deportados dos EUA por crimes graves

Um assassinou homem diante da esposa grávida; o outro abusou da enteada dos 7 aos 11 anos, ambos eram procurados pela Interpol

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

Dois brasileiros que estavam foragidos da Justiça foram presos na noite de quarta-feira (15), assim que desembarcaram no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins (MG). Ambos haviam sido deportados dos Estados Unidos e eram procurados pela Interpol por crimes graves cometidos em território nacional.

Os homens estavam entre os 71 passageiros do 26º voo de deportados dos EUA para o Brasil, uma iniciativa de cooperação entre os governos que busca repatriar cidadãos brasileiros em situação migratória irregular ou envolvidos em delitos. Segundo a Polícia Federal (PF), 62 eram homens e nove mulheres.

Os dois foragidos foram identificados durante o processo de checagem de antecedentes criminais internacionais realizado pela Interpol antes do embarque. Assim que o avião pousou em Confins, agentes federais já aguardavam a chegada do grupo e efetuaram as prisões em solo brasileiro.

O primeiro preso: condenado por homicídio brutal em Inhapim (MG)

O primeiro detido é mineiro, natural do Vale do Rio Doce, e estava condenado a 25 anos e 11 meses de prisão em regime fechado por homicídio duplamente qualificado. O crime ocorreu em 20 de outubro de 2016, na zona rural de Inhapim, e chocou a população local pela brutalidade.

De acordo com o processo judicial, o homem e um cúmplice invadiram a residência da vítima durante a noite, quando ela estava acompanhada da esposa grávida e de familiares. A dupla simulou um assalto para despistar os vizinhos, isolou o morador e o executou com quatro tiros à queima-roupa.

A investigação conduzida pela Polícia Civil de Minas Gerais revelou que o homicídio foi encomendado por um desafeto da vítima, motivado por ciúmes e desavenças pessoais envolvendo a companheira do homem assassinado. O caso teve grande repercussão no município e levou anos até a condenação definitiva.

Após a sentença, proferida em 31 de março de 2025, o réu conseguiu deixar o país antes de ser preso. Ele se estabeleceu ilegalmente nos Estados Unidos, onde foi capturado em 28 de maio deste ano, poucos meses depois de ter o nome incluído na Difusão Vermelha da Interpol — o alerta máximo para criminosos procurados em escala global.

A Promotoria de Justiça de Inhapim havia solicitado a inclusão do nome do condenado na lista internacional, o que facilitou a sua localização e posterior deportação.

O segundo preso: série de abusos contra enteada no Paraná

O outro homem preso é natural do interior do Paraná e respondia a um mandado de prisão por estupro de vulnerável, com uma sequência de crimes cometidos entre 2015 e 2020. Segundo a denúncia, ele abusava sexualmente da própria enteada desde que a menina tinha 7 anos de idade, mantendo as agressões até ela completar 11.

As investigações apontam que o homem aproveitava os períodos em que a companheira,  mãe da criança, estava ausente para intimidar e silenciar a vítima, que só conseguiu relatar os abusos anos depois, durante atendimento psicológico.

Após o início das investigações, o suspeito fugiu do Brasil, atravessando fronteiras até chegar aos Estados Unidos, onde permaneceu ilegalmente. Ele foi localizado graças a um cruzamento de dados da Interpol com autoridades americanas de imigração, que constataram o mandado de prisão ativo.

Com a deportação confirmada, agentes da PF montaram uma operação especial de recepção e custódia, para evitar qualquer tentativa de fuga durante o desembarque.

Procedimentos e encaminhamentos

Após a aterrissagem, os dois homens foram submetidos a exames de corpo de delito na sede da Polícia Federal em Belo Horizonte e, em seguida, encaminhados para o sistema prisional mineiro, onde permanecerão à disposição da Justiça.

De acordo com nota da PF, a prisão dos dois brasileiros demonstra a efetividade das ações conjuntas entre o Brasil e os Estados Unidos na localização, captura e repatriação de foragidos internacionais.

“Essas prisões refletem o compromisso do Brasil com a cooperação internacional e a responsabilização de criminosos que tentam escapar da Justiça”, informou o órgão, em comunicado.

Impacto e reflexões

Os dois casos ressaltam as falhas históricas no controle migratório e o desafio das autoridades em monitorar a fuga de criminosos condenados que conseguem deixar o país antes do cumprimento das penas.

Especialistas avaliam que, embora o Brasil mantenha acordos bilaterais de extradição e deportação, ainda há lacunas no rastreamento de foragidos, sobretudo em crimes cometidos no interior, onde o processo judicial costuma ser mais lento.

A cada ano, os Estados Unidos deportam dezenas de brasileiros condenados por crimes graves, parte deles já com mandados de prisão ativos no Brasil. Este foi o 26º voo de repatriação desde 2019, evidenciando o aumento do número de migrantes brasileiros ilegais envolvidos em delitos.

“O retorno desses condenados representa tanto uma vitória da Justiça quanto um alerta sobre a necessidade de fortalecer o controle nas fronteiras e o cumprimento das sentenças penais”, afirma um delegado federal ouvido pela reportagem.

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