
A nova lei permite a morte medicamente assistida em casos de doenças incuráveis e sofrimento extremo
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
O Uruguai deu um passo histórico ao aprovar, na quarta-feira (15), a Lei da Morte Digna, que legaliza a eutanásia em condições específicas. A decisão encerra anos de intensas discussões no Parlamento e posiciona o país entre os poucos no mundo — ao lado de Canadá, Holanda e Espanha — que reconhecem o direito à morte medicamente assistida.
A proposta foi aprovada no Senado por 20 votos a favor de um total de 31, após ter sido validada pela Câmara dos Representantes em agosto. A sessão foi marcada por fortes emoções, com aplausos e abraços de apoiadores, mas também protestos de grupos contrários, que gritaram “assassinos” no plenário.
A nova lei impõe critérios rigorosos: apenas maiores de idade, cidadãos ou residentes no Uruguai, em plena capacidade mental, e que enfrentem doenças incuráveis em estágio terminal ou sofrimentos físicos ou psíquicos intoleráveis poderão solicitar a eutanásia. O pedido deve ser formalizado por escrito, após o cumprimento de diversas etapas médicas e legais.
Casos como o de Beatriz Gelós, de 71 anos, que convive há quase 20 com esclerose lateral amiotrófica, ajudaram a sensibilizar a opinião pública. “Quem é contra não faz ideia do que é viver assim. Quero ter a opção de acabar com o sofrimento”, declarou antes da votação. Outro nome emblemático é Pablo Cánepa, de 39 anos, que sofre de uma doença rara e incurável. Sua família defende que ele “já está morrendo há anos” e que “o que ele tem não é uma vida”.
Uma pesquisa do Instituto Cifra mostrou que mais de 60% dos uruguaios apoiam a legalização, enquanto 24% são contra. A Ordem dos Médicos optou por não se posicionar oficialmente, mas participou do processo legislativo para assegurar garantias éticas e jurídicas a pacientes e profissionais da saúde.
Já a Igreja Católica e mais de dez associações civis manifestaram tristeza e preocupação, classificando a medida como “perigosa e deficiente”.
Com a sanção, o Uruguai se torna referência regional em um tema que continua a desafiar fronteiras éticas, médicas e religiosas, reafirmando o debate sobre autonomia, dignidade e o direito de decidir sobre o próprio fim.
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