Vício em videogames e jogos de apostas são classificados como problema de saúde mental

Foto: internet
Nova classificação internacional inclui diagnósticos ligados ao uso excessivo de telas; mudanças passam a valer no Brasil em 2027 e alertam para impactos na saúde mental e neurológica
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

A Organização Mundial da Saúde (OMS) oficializou a inclusão da dependência de videogames e de apostas como transtornos mentais em sua 11ª Classificação Internacional de Doenças (CID-11). O documento, que orienta diagnósticos e políticas públicas de saúde em todo o mundo, passa a vigorar no Brasil a partir de janeiro de 2027, segundo o Ministério da Saúde.

O reconhecimento desses distúrbios representa um marco para a psiquiatria e a neurologia, em um contexto em que o uso excessivo de telas já é considerado um desafio de saúde global. De acordo com a OMS, cerca de 3 bilhões de pessoas jogam videogames no planeta, e uma pequena parcela apresenta padrões de comportamento que configuram dependência.

O chamado “transtorno de jogo digital” — que pode ocorrer tanto em plataformas online quanto offline — é caracterizado pela priorização extrema do jogo em detrimento de atividades pessoais, familiares, educacionais ou profissionais. Para ser diagnosticado, o comportamento deve persistir por pelo menos 12 meses e causar prejuízos significativos na vida do indivíduo.

Segundo o médico psiquiatra José Bertolote, ex-coordenador da área de Saúde Mental da OMS, o problema não está no tempo diante das telas, mas na falta de controle sobre o uso e no conteúdo consumido. “O uso repetitivo e descontrolado pode levar à dependência. A questão é o domínio que o jogo passa a exercer sobre a vida da pessoa”, explica o especialista.

Além da dependência de videogames, a CID-11 também inclui o jogo patológico, caracterizado por apostas persistentes, recorrentes e incontroláveis, que comprometem finanças, relacionamentos e bem-estar emocional.

A OMS destaca que o reconhecimento desses transtornos visa fortalecer políticas públicas de prevenção e tratamento, além de orientar profissionais de saúde na identificação precoce dos casos. De acordo com a agência, menos de um terço dos países possui estratégias nacionais específicas para lidar com doenças neurológicas e mentais.

O novo Manual de Capacitação da CID-11, que acompanha a atualização, recomenda que médicos da atenção primária sejam capacitados para identificar e manejar esses transtornos, reduzindo a dependência de especialistas.

Em paralelo, a OMS também divulgou um Relatório Global sobre Neurologia, revelando que mais de 40% da população mundial sofre com algum tipo de condição neurológica. Estima-se que 11 milhões de pessoas morram todos os anos por doenças desse tipo, como AVC, epilepsia, Alzheimer e enxaqueca.

Diante desse cenário, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) já disponibilizou um curso online sobre a CID-11, com o objetivo de preparar profissionais de saúde para as novas diretrizes e promover uma abordagem mais inclusiva e preventiva.

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