Lula transforma COP30 em luxo milionário enquanto Amazônia sofre

Um evento que era para ser sustentável e transformador parece dar lugar a uma vitrine de gastos e contradições

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

O governo federal decidiu gastar R$ 263 milhões para alugar navios de luxo que servirão de hospedagem durante a COP30, conferência climática que será realizada em Belém (PA), em novembro de 2025. A medida, anunciada como solução emergencial para o déficit hoteleiro da capital paraense, vem sendo duramente criticada por especialistas, ambientalistas e pela oposição, que apontam improvisação, contradição e falta de planejamento.

Serão três cruzeiros internacionais atracados na região portuária de Outeiro, com cerca de 3,9 mil cabines e 6 mil leitos. As embarcações, originalmente usadas para turismo de alto padrão, foram contratadas para acomodar parte das delegações estrangeiras e autoridades durante o evento. O contrato prevê indenização pública caso a ocupação fique abaixo do previsto, o que significa que o contribuinte arcará com possíveis prejuízos.

Críticas à “COP do luxo” e ao impacto ambiental

Embora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha afirmado que “esta não será a COP do luxo”, as imagens e os valores envolvidos contam uma história diferente. O porto de Outeiro passou por obras de dragagem e ampliação para receber as embarcações, movimentando mais de 6 milhões de metros cúbicos de sedimentos, o que despertou alertas sobre riscos ambientais e danos à fauna aquática da Baía do Guajará.

Para críticos, o governo usa o discurso ecológico como vitrine internacional, mas na prática reproduz gastos extravagantes e decisões desconectadas da realidade amazônica, onde comunidades ribeirinhas convivem diariamente com a falta de saneamento, moradia e transporte básico.

Contradição entre discurso e prática

Ao mesmo tempo em que o Planalto se apresenta como liderança ambiental global, a COP30 escancara a dependência de soluções improvisadas e onerosas. Especialistas afirmam que, em vez de investir em infraestrutura duradoura, o governo preferiu “alugar uma vitrine de luxo” que desaparecerá assim que o evento terminar.

Setores da direita apontam ainda o paradoxo de um evento climático promovido em nome da sustentabilidade que gera grandes emissões de carbono com o deslocamento de navios e a dragagem de rios amazônicos.

“É a COP do marketing, não da Amazônia”, disse um analista ouvido pela reportagem.

Falta de transparência e legado duvidoso

Além dos custos milionários, a falta de transparência sobre os contratos e os beneficiários preocupa parlamentares da oposição, que cobram explicações sobre o processo licitatório. A ausência de garantias de legado — como novos hotéis, infraestrutura portuária permanente ou saneamento — reforça a percepção de que o governo se preocupa mais com a imagem internacional de Lula do que com o desenvolvimento sustentável da região.

Enquanto isso, servidores públicos e forças locais ainda se desdobram para lidar com problemas logísticos, escassez de voos e insegurança urbana, pontos ignorados no planejamento oficial.

Conclusão

A poucos meses da COP30, a promessa de um evento “sustentável e transformador” parece dar lugar a uma vitrine de gastos e contradições.

O investimento milionário em navios de luxo na Amazônia representa, para muitos, o retrato do desequilíbrio entre discurso e realidade: um governo que fala em proteger o meio ambiente, mas que não protege o dinheiro público nem a coerência de suas próprias ações.

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