Falta de água expõe falhas do governo Lula na Cúpula do Clima

Delegações e moradores enfrentam apagões e preços abusivos em Belém, palco do evento que prometia simbolizar a sustentabilidade

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

A Cúpula do Clima, evento preparatório da COP30, começou nesta sexta-feira (7) em Belém (PA) reunindo líderes de mais de 120 países. A conferência, que deveria marcar o compromisso do Brasil com a sustentabilidade e a preservação da Amazônia, acabou sendo ofuscada por problemas logísticos, infraestrutura precária e críticas internacionais.

Desde as primeiras horas do evento, delegações relataram falta de água, banheiros sujos, falhas de energia e preços abusivos em hotéis e restaurantes. A situação gerou constrangimento entre organizadores e participantes, sobretudo porque o encontro foi apresentado pelo governo brasileiro como um marco da diplomacia ambiental.

Delegações enfrentam caos na chegada

Segundo fontes da organização, o primeiro dia da cúpula foi marcado por atrasos em voos e transporte, com parte das comitivas estrangeiras esperando por mais de duas horas para chegar às áreas oficiais. A rede hoteleira da capital paraense, que não comporta grandes volumes de visitantes, apresentou diárias acima de R$ 4 mil, o que levou até mesmo a ONU a recomendar redução no número de participantes.

Relatos também apontam que alguns centros de credenciamento ficaram sem abastecimento de água, enquanto funcionários improvisavam para atender a demanda. Geradores falharam durante a madrugada anterior à abertura, comprometendo parte da estrutura de iluminação em áreas externas.

Protagonistas e impactados

O governo brasileiro, que buscava se consolidar como referência mundial em gestão climática, acabou exposto por uma série de falhas estruturais e logísticas que escancaram a contradição entre o discurso e a realidade.

Os impactados diretos são as delegações internacionais, as ONGs e os moradores de Belém, que enfrentam aumento nos custos de serviços, falta de água e instabilidade no fornecimento de energia desde o início dos preparativos para a COP30.

Impacto ambiental e social

Moradores de bairros periféricos relatam que racionamentos de água e quedas de energia se intensificaram nos últimos dias. Comerciantes locais também reclamam que, apesar do grande volume de visitantes, o dinheiro não circula entre os pequenos negócios, concentrando-se apenas em empresas contratadas para o evento.

Ambientalistas criticam o contraste entre os discursos sustentáveis e a realidade da cidade-sede, que enfrenta problemas crônicos de saneamento e coleta de lixo.

“É um paradoxo: o mundo vem discutir o futuro do planeta em um lugar que ainda luta pelo básico”, afirmou uma integrante da ONG ObservaClima.

Críticas internacionais e reação oficial

A organização das Nações Unidas (ONU), que coordena as conferências climáticas, reconheceu em nota que “há desafios logísticos em adaptação” e que trabalha em conjunto com o governo brasileiro para “garantir a plena participação das delegações”.

O Ministério do Meio Ambiente informou que equipes foram deslocadas para normalizar o abastecimento e revisar os contratos de hotelaria que apresentaram preços abusivos.

Enquanto isso, veículos internacionais como The Guardian, Reuters e Le Monde destacaram a falta de estrutura de Belém e a incoerência do discurso oficial sobre sustentabilidade diante dos problemas enfrentados pelos próprios participantes.

O pano de fundo político

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esperava usar a COP30 como vitrine da política ambiental brasileira, especialmente após os anos de retrocesso climático. No entanto, os improvisos e a má organização podem custar caro à imagem internacional do país.

Nos bastidores, diplomatas apontam que a credibilidade do Brasil no comando de pautas verdes depende da capacidade de reverter a crise de infraestrutura antes da abertura oficial da COP30, no dia 10 de novembro.

Conclusão

O que seria o grande palco da sustentabilidade virou um símbolo de improviso e contradição. A Cúpula do Clima em Belém expôs o desafio do Brasil de conciliar discurso ambiental, realidade local e capacidade de organização.
Se os problemas persistirem, o evento que prometia recolocar o país no centro do debate climático pode terminar lembrado como um alerta sobre a distância entre promessa e prática — bem no coração da Amazônia.

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