Relatório de inteligência indica que a facção exigiu a suspensão de obras em infraestrutura considerada crítica para o evento climático da ONU. Ação rápida do governo levanta questionamentos sobre a falta de respostas em outros casos semelhantes no país
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
O governo federal está investigando uma ameaça feita por um indivíduo que se identificou como integrante do Comando Vermelho (CV) contra a empresa responsável pelo fornecimento de energia da COP30, que será realizada em Belém, no Pará. A denúncia, feita pela Verene Energia S.A., contratada para obras na subestação 500/230 kV Marituba-Belém, relata que o autor exigiu a suspensão das atividades no local e a interrupção diária das operações.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública confirmou que recebeu o relato da empresa, que afirmou ter sido alvo de coação e ameaças de ataque. A subestação Marituba-Belém é considerada uma infraestrutura crítica do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), essencial para garantir o fornecimento de energia à capital paraense e ao evento da ONU, marcado para novembro de 2025.
Segundo informações do relatório elaborado pelo Ministério da Justiça, as ameaças foram feitas diretamente à empresa, com exigência de suspensão imediata das obras de expansão da subestação. O documento foi encaminhado à Polícia Federal, à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e às forças de segurança do Pará no dia 3 de novembro.
A Polícia Federal instaurou um inquérito para apurar se as ameaças têm relação direta com a facção criminosa Comando Vermelho ou se se tratam de um ato isolado. O Ministério da Justiça classificou o caso como “grave” e determinou atenção especial à segurança das instalações estratégicas.
A Verene Energia informou que, apesar das ameaças, todas as suas operações seguem em funcionamento normal e que não houve qualquer paralisação nas obras ou no fornecimento de energia. A empresa também destacou que vem colaborando com as autoridades e reforçou as medidas de segurança nos locais sob sua responsabilidade.
Até o momento, não há indícios de que o fornecimento de energia tenha sido interrompido ou que a infraestrutura tenha sofrido qualquer dano. No entanto, o episódio reacende o alerta sobre a vulnerabilidade de estruturas essenciais no país e a necessidade de reforçar a segurança em larga escala — não apenas em momentos de grande visibilidade internacional.
Embora o governo tenha reagido com rapidez e integrado diversas forças de segurança após as ameaças relacionadas à COP30, a situação chama atenção para a disparidade de respostas entre casos que envolvem eventos internacionais e aqueles que afetam diretamente a população brasileira. Em várias regiões do país, comunidades enfrentam ameaças semelhantes de facções criminosas sem que haja a mesma mobilização do governo federal.
Além disso, cresce o questionamento sobre o real alcance das medidas adotadas. A atuação intensificada das forças de segurança parece voltada, principalmente, à proteção dos visitantes e autoridades estrangeiras durante a COP30. Mas a dúvida que fica é: e depois do evento, como ficará a população local, que convive diariamente com a insegurança e a influência das facções criminosas?
A COP30 deve reunir líderes e autoridades de todo o mundo em Belém, o que torna a proteção de sistemas de energia, transporte e comunicação uma prioridade nacional. Ainda assim, o caso expõe a fragilidade da segurança pública brasileira e reforça a necessidade de políticas permanentes — não apenas ações pontuais motivadas pela presença de observadores internacionais.
De acordo com fontes do governo, novas medidas estão sendo analisadas para reforçar a vigilância sobre as instalações energéticas da região e prevenir qualquer tentativa de sabotagem durante o evento. A apuração sobre a autoria e a motivação da ameaça segue em curso.
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