Nomeação do advogado-geral da União provoca preocupação entre setores conservadores e investidores sobre possível alinhamento político do Supremo
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou nesta quinta-feira, 20 de novembro de 2025, o advogado-geral da União, Jorge Messias, 45 anos, para ocupar a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) com a aposentadoria antecipada do ministro Roberto Barroso. Messias, que atua como ministro da AGU desde dezembro de 2022, tem sido tratado como figura central no eixo jurídico do governo, mas sua indicação já provoca críticas pelo histórico de atuação alinhada politicamente ao Executivo.
Formado em Direito pela UFPE, com mestrado e doutorado pela UnB, Messias consolidou-se ao longo dos anos como conselheiro próximo de Lula, participando de decisões sensíveis sobre temas orçamentários, ambientais e políticos. Durante o governo Dilma Rousseff, ocupou o cargo de subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência e posteriormente atuou como secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior no Ministério da Educação.
Controvérsias e falhas de atuação
Embora não haja registros de condenações criminais, o currículo de Messias apresenta diversos pontos críticos que reforçam questionamentos sobre sua independência:
1• Falha em agir diante de fraudes no INSS
• Parlamentares da CPI do INSS apontaram que Messias, à frente da AGU, não tomou providências suficientes diante de alertas sobre irregularidades em empréstimos consignados feitos em benefício de menores e aposentados, o que teria gerado prejuízos bilionários.
2• Vistos revogados pelos EUA
• O governo americano revogou o visto de Messias, em meio a tensões diplomáticas e críticas à sua atuação institucional, levantando dúvidas sobre sua aceitação em cenários internacionais.
3• Posições críticas à Lava Jato
• Em sua tese de doutorado, Messias afirmou que a operação Lava Jato teria “criminalizado a política”, visão que para críticos da direita indica possível viés ideológico contra investigações anticorrupção.
4• Atuação controversa em questões institucionais
• Messias se posicionou contra propostas de anistia para envolvidos em ataques de 8 de janeiro, classificando medidas como “inconstitucionais”, mas ao mesmo tempo, seu histórico mostra forte alinhamento ao governo e defesa de políticas que beneficiam interesses do Executivo.
5• Decisões no setor educacional
• Durante sua passagem pelo Ministério da Educação, Messias foi acusado de favorecer interpretações jurídicas que ampliavam a autonomia do governo em decisões regulatórias, às vezes à custa de transparência e fiscalização.
Reação da sociedade e implicações políticas
A indicação de Jorge Messias provoca preocupação entre setores da direita e especialistas jurídicos, que questionam se sua atuação será independente no STF. Parlamentares, principalmente do União Brasil e do PSL, apontam que a proximidade política com o presidente poderia comprometer decisões futuras em casos de grande relevância institucional, inclusive sobre investigações de corrupção e poderes do Executivo.
A sabatina na CCJ do Senado será decisiva para avaliar não apenas sua experiência técnica, mas também seu histórico de alinhamento político e controvérsias que podem gerar conflitos de interesse.
Conclusão
Jorge Messias assume como candidato ao STF com ampla experiência jurídica, mas com um histórico de atuação ligada ao governo federal que desperta cautela sobre sua independência. O Senado terá papel crucial em avaliar se a indicação preserva a imparcialidade esperada de um ministro do Supremo.
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