Casada com Fábio Luís, filho do presidente Lula, ela é investigada por participação em um esquema que teria manipulado contratos e desviado recursos públicos
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (12) a Operação Coffee Break, uma ofensiva nacional contra um esquema de fraudes em licitações, corrupção e lavagem de dinheiro que movimentou milhões de reais em contratos públicos. A investigação atinge empresários, agentes políticos e servidores ligados a órgãos federais, entre eles Carla Ariane Trindade, identificada como nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As ações ocorreram simultaneamente em São Paulo, Distrito Federal e Paraná, com 50 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva. A operação foi autorizada pela 1ª Vara Federal de Campinas (SP) e contou com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU).
O esquema sob investigação
De acordo com a Polícia Federal, o grupo investigado teria montado uma rede de empresas de fachada para vencer licitações públicas de forma fraudulenta, em contratos voltados principalmente à área da educação e tecnologia.
O esquema envolveria pagamentos de propina, direcionamento de editais, favorecimento político e lavagem de dinheiro por meio de consultorias fictícias.
As apurações apontam que Carla Ariane Trindade teria atuado como intermediária entre empresários e gestores públicos, facilitando a liberação de contratos e repasses. Segundo os investigadores, ela fazia parte de um núcleo político que usava influência em órgãos federais, como o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), para viabilizar os contratos.
Mandados estratégicos
Durante as diligências, agentes federais apreenderam documentos, celulares, computadores e quantias em dinheiro.
Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos em residências, empresas e escritórios ligados aos investigados.
Alguns alvos foram levados para prestar depoimento e devem responder por corrupção ativa, passiva, peculato, fraude em licitações e organização criminosa.
Segundo fontes da PF, a operação recebeu o nome de “Coffee Break” em referência aos encontros informais em cafés e hotéis onde, supostamente, eram combinadas as tratativas ilícitas e os repasses financeiros.
Repercussão política
O fato de uma parente direta do presidente Lula ser alvo de mandado de busca provocou forte repercussão em Brasília.
O caso reacende o debate sobre a influência de pessoas próximas ao poder em contratos públicos e o comprometimento do governo com a integridade administrativa.
Apesar da gravidade das suspeitas, a Polícia Federal reforçou que o cumprimento de mandado não implica culpa, mas visa preservar provas e garantir o avanço das investigações.
Até o momento, o Palácio do Planalto não se manifestou oficialmente sobre o caso.
Próximas etapas
A Polícia Federal informou que agora serão analisados os materiais apreendidos e as movimentações financeiras dos investigados.
Haverá cruzamento de dados bancários, fiscais e de contratos públicos, além de novas quebras de sigilo.
As autoridades também estudam bloquear bens e contas de empresas e pessoas físicas envolvidas no esquema.
Se comprovadas as irregularidades, o prejuízo aos cofres públicos pode ultrapassar R$ 200 milhões, segundo estimativas preliminares.
Um novo teste para o governo
A Operação Coffee Break representa mais um desafio político e institucional para o governo Lula, que já enfrenta críticas em razão de denúncias envolvendo aliados e familiares.
O episódio coloca em xeque o discurso de tolerância zero com a corrupção e reforça a necessidade de transparência e controle rigoroso sobre contratos federais.
Enquanto as investigações avançam, cresce a pressão sobre o Planalto para adotar medidas que afastem qualquer interferência política e mostrem independência das instituições.
A PF segue com as diligências, e novas fases da operação não estão descartadas.
O inquérito tramita sob sigilo judicial, mas fontes internas indicam que o foco agora é rastrear o fluxo do dinheiro e identificar todos os beneficiários do esquema.
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