Novo tratamento para câncer no sangue promete mais sobrevida a pacientes no Brasil

Anvisa aprova medicamento inovador que leva a droga diretamente às células do mieloma múltiplo, aumentando a eficácia e reduzindo recaídas
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

Um novo avanço na oncologia promete mudar a vida de pacientes com mieloma múltiplo, um tipo raro de câncer no sangue que atinge a medula óssea. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso do medicamento Blenrep (belantamabe mafodotina), desenvolvido pela biofarmacêutica GSK, que oferece maior sobrevida e resposta mais duradoura para pacientes adultos que já haviam passado por outros tratamentos sem sucesso.

A autorização no Brasil coloca o país ao lado de potências como Reino Unido, Japão, Canadá e União Europeia, onde o remédio já é utilizado com resultados promissores.

 Como o novo tratamento funciona

O Blenrep é um anticorpo-droga conjugado (ADC) — uma tecnologia de ponta que une um anticorpo monoclonal a uma droga citotóxica, direcionando o tratamento diretamente às células do câncer, sem afetar de forma tão intensa os tecidos saudáveis.

Ele é aplicado por infusão intravenosa — semelhante a uma quimioterapia — a cada três ou quatro semanas, conforme a combinação prescrita pelo médico.

A terapia tem como alvo o antígeno de maturação de células B (BCMA), presente na superfície das células cancerosas. Quando o medicamento se liga a esse antígeno, libera no interior da célula uma toxina chamada mafodotina, que destrói o tumor de dentro para fora.

Essa ação específica garante uma resposta rápida e duradoura, com potencial para que pacientes vivam mais de uma década sem necessidade de tratamento contínuo — uma perspectiva considerada revolucionária pelos especialistas.

 Resultados de estudos clínicos

A aprovação da Anvisa se baseou em dois grandes estudos internacionais de fase 3, com participação de oito centros de pesquisa brasileiros: o DREAMM-7 e o DREAMM-8.

  • DREAMM-7: avaliou o uso do Blenrep em combinação com bortezomibe e dexametasona (BVd).
    O novo tratamento quase triplicou o tempo de sobrevida livre de progressão da doença, atingindo 36,6 meses contra 13,4 meses do tratamento padrão.
    Também houve uma redução de 59% no risco de progressão ou morte.

  • DREAMM-8: analisou a combinação com pomalidomida e dexametasona (BPd) em pacientes que já haviam usado lenalidomida.
    Nesse caso, o Blenrep reduziu em 51% o risco de avanço da doença ou morte, além de mostrar tendência de melhora na sobrevida global.

Segundo a hematologista Vania Hungria, que participou dos estudos, a aprovação é um marco também para a ciência brasileira.

“Nós temos pacientes do SUS que participaram desses estudos e estão vivendo com qualidade. Isso mostra como o Brasil tem contribuído com pesquisas de alto nível na área oncológica”, destacou a médica durante evento da GSK em São Paulo.

 Atenção aos efeitos oculares

Como todo medicamento potente, o Blenrep também traz efeitos adversos que exigem acompanhamento médico rigoroso.
Nos estudos clínicos, alguns pacientes apresentaram alterações oculares, como ceratopatia, visão turva, olhos secos e queda temporária da acuidade visual.

Esses efeitos são provocados pela ação citotóxica da droga sobre pequenas células da córnea. Por isso, especialistas recomendam exames oftalmológicos a cada aplicação.

“Dependendo da quantidade e da localização dos microcistos, o médico pode suspender a dose e ajustar o intervalo do tratamento”, explica Hungria.

 Esperança e impacto global

Para a comunidade médica, o Blenrep representa uma nova era na terapia do mieloma múltiplo, que antes tinha opções limitadas após recaídas.

“A aprovação reforça a relevância do Brasil na pesquisa clínica global e o nosso compromisso de transformar o cuidado em onco-hematologia”, afirmou Patrick Eckert, presidente da GSK Brasil.

O mieloma múltiplo afeta cerca de 7,6 mil brasileiros por ano, segundo o INCA, e é o segundo câncer hematológico mais comum no país. O novo tratamento oferece uma chance real de prolongar a vida e preservar a qualidade de vida dos pacientes — um avanço que une ciência, inovação e esperança.

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