Polícia descobre rota do metanol: de postos de combustível às bebidas vendidas em bares

Foto: Paloma de Sá
Esquema criminoso usava etanol adulterado com metanol comprado em postos de gasolina para fabricar bebidas falsas, causando duas mortes em São Paulo
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

A Polícia Civil de São Paulo revelou um esquema criminoso que mostra como o metanol, substância altamente tóxica e usada em combustíveis, percorreu uma perigosa cadeia até chegar aos copos de consumidores. Segundo as investigações, falsificadores compravam etanol contaminado com metanol em postos de gasolina do ABC Paulista e usavam o produto na fabricação de bebidas alcoólicas falsas, vendidas em bares e comércios da capital como se fossem originais.

O caminho do veneno: do tanque ao copo

A operação policial identificou dois postos de combustíveis suspeitos de vender o etanol adulterado. O produto era transportado até fábricas clandestinas, onde servia de base para a produção de bebidas falsificadas — como vodcas, cachaças e licores — que recebiam rótulos e garrafas de marcas conhecidas.
Essas bebidas, já contaminadas pelo metanol, eram distribuídas a estabelecimentos comerciais que, sem saber da adulteração, revendiam o produto ao público.

O consumo dessas bebidas levou à morte de duas pessoas e deixou outras intoxicadas. O metanol, mesmo em pequenas doses, pode causar cegueira, falência de órgãos e morte.

A primeira vítima e a “família metanol”

O caso veio à tona após a morte do empresário Ricardo Lopes Mira, em 16 de setembro, depois de ingerir bebida contaminada no Torres Bar, na zona leste de São Paulo.
Com base em depoimentos de funcionários do bar e do distribuidor, os investigadores chegaram a uma fábrica clandestina em São Bernardo do Campo, onde foi presa Vanessa Maria da Silva, apontada como líder do grupo criminoso.

Além dela, o marido, o pai e o cunhado também foram indiciados. O grupo ficou conhecido entre os policiais como a “família metanol”, por comandar o processo de falsificação que começou nos postos e terminou nos copos de clientes.

A segunda vítima confirmada é Marcos Antônio Jorge Júnior, que consumiu a mesma bebida no mesmo bar.

O risco do metanol e a falta de antídotos no país

Pesquisadores da Unicamp alertam que o metanol é rapidamente absorvido pelo organismo e transformado em substâncias extremamente tóxicas, como formaldeído e ácido fórmico.
Esses compostos atacam o sistema nervoso central, o fígado e os rins, podendo causar cegueira irreversível e parada respiratória.
O quadro é ainda mais grave porque o Brasil não possui antídotos específicos contra intoxicação por metanol, o que dificulta o tratamento e aumenta o risco de morte.

Alerta ao consumidor

As autoridades pedem que os consumidores evitem bebidas de origem duvidosa, principalmente aquelas vendidas a preços muito baixos ou em garrafas com lacres rompidos.
Quem apresentar sintomas como visão turva, tontura, náusea ou dor de cabeça intensa após ingerir álcool deve buscar atendimento médico imediato e, se possível, levar o recipiente da bebida para análise toxicológica.

A investigação continua para identificar outros postos e distribuidores envolvidos no esquema. O caso reacende o debate sobre a fiscalização sanitária e a segurança no consumo de bebidas alcoólicas, evidenciando um problema que ameaça silenciosamente a saúde pública.

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