Liquidação do Banco Master escancara a desorganização oficial e deixa investidores vulneráveis enquanto criminosos avançam nas redes
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
A crise deflagrada pela liquidação do Banco Master, anunciada pelo Banco Central na terça-feira, 18 de novembro de 2025, tornou-se um dos episódios mais conturbados do sistema financeiro brasileiro nos últimos anos. Além do impacto econômico imediato, investidores se viram repentinamente cercados por golpes, desinformação e ausência de diretrizes claras das autoridades federais.
Com depósitos congelados e a dependência total do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), milhares de pessoas aguardam o ressarcimento de valores aplicados em CDBs e outras modalidades — uma espera que, somada ao silêncio institucional, abriu espaço para criminosos digitais.
Golpes avançam enquanto o governo falha em orientar o público
A combinação entre pânico financeiro e falta de comunicação clara criou o cenário ideal para uma explosão de fraudes. Criminosos têm usado redes sociais, WhatsApp e anúncios patrocinados para oferecer:
• “Antecipação do FGC”;
• “Liquidez imediata”;
• “Consultorias especiais”;
• “Agilização do pagamento”.
Todas essas promessas são falsas — e vão na contramão das orientações oficiais.
O FGC reiterou diversas vezes que:
• Não antecipa valores,
• Não autoriza representantes,
• Não cobra taxas,
• Não envia links,
• E só opera pelo aplicativo oficial.
Apesar disso, milhares de pessoas já foram abordadas por golpistas que tentam explorar o momento de incerteza.
Especialistas alertam: o desespero é o combustível do cibercrime
Fernando Falchi, gerente de segurança da Check Point Software Brasil, destacou que os criminosos utilizam a urgência como isca:
“O golpista sempre explora a pressa. A única defesa real é usar exclusivamente o app oficial do FGC.”
Empresas de segurança identificaram um aumento significativo de golpes nas últimas 48 horas após a liquidação.
As fraudes se dividem principalmente em dois grandes grupos:
1• Roubo de dados (phishing)
Criminosos tentam capturar dados bancários e pessoais por meio de:
• Sites falsos que imitam o FGC;
• Aplicativos fraudulentos;
• Atendentes falsos pedindo códigos e senhas;
• Links disfarçados de notificações oficiais;
• Malware que invade o celular e monitora senhas.
Um clique é suficiente para permitir que o golpista:
• Acesse contas bancárias,
• Faça transferências,
• Solicite empréstimos,
• Capture documentos,
• Instale softwares espiões.
2. Empréstimos predatórios escondidos como “antecipação”
Outro golpe comum é o das falsas empresas que afirmam poder “liberar” o dinheiro do FGC antes do prazo.
Na verdade, a vítima contrata créditos abusivos, com juros altíssimos, acreditando que está fazendo algo oficial.
Economistas afirmam que esse tipo de golpe costuma gerar prejuízos maiores que a perda inicial.
O que levou o Banco Master ao colapso
O Banco Master já operava no limite do risco, oferecendo retornos muito acima do mercado — em alguns casos até 140% do CDI. Essa agressividade chamava atenção de investidores, mas também levantava dúvidas sobre a saúde financeira da instituição.
Meses antes da liquidação, o banco já enfrentava:
• Deterioração da carteira de crédito;
• Aumento de inadimplência;
• Dificuldades estruturais;
• Investigações em andamento.
A crise ganhou peso quando a Polícia Federal prendeu executivos da instituição por suspeita de envolvimento em operações irregulares durante o processo de venda para o BRB. Entre os detidos está Daniel Vorcaro, fundador do Master.
As investigações incluem:
• Emissão de títulos sem lastro;
• Lavagem de dinheiro;
• Movimentações incompatíveis com o mercado;
• Ocultação de patrimônio.
Como funciona a devolução do dinheiro pelo FGC
Com a liquidação decretada, o ressarcimento do FGC segue um roteiro fixo:
1• O investidor deve baixar o aplicativo oficial do FGC.
2• O Banco Central envia ao FGC a lista de credores — prazo médio: 30 dias.
3• O FGC libera a habilitação do pedido no app.
4• O investidor envia documentos, faz biometria e assinatura digital.
5• O pagamento é feito em até dois dias úteis após aprovação.
Este é o único processo válido.
Qualquer promessa de “atalho” é golpe.
Pressão política e crítica à falta de liderança federal
A crise reacendeu críticas sobre a vulnerabilidade do sistema de fiscalização. Parlamentares de oposição afirmam que o governo federal falhou em comunicar com clareza os procedimentos e deixou um vácuo explorado por criminosos.
Especialistas independentes apontam que o episódio reforça a necessidade de:
• Maior transparência institucional,
• Fiscalização mais eficaz,
• Comunicação direta com a população,
• Menos burocracia e mais agilidade em momentos de crise.
Para analistas alinhados à direita, a demora e o improviso observados durante o episódio revelam uma gestão que não prioriza o cidadão comum — principalmente em temas sensíveis como poupança, investimento e proteção financeira.
Conclusão: um colapso que poderia ter sido contido com organização e clareza
A queda do Banco Master já entra para a história como uma das maiores crises financeiras recentes. Entretanto, a tragédia não se resume ao rombo: ela se agrava pela desorientação que deixou milhares de brasileiros expostos a golpes e sem respostas oficiais rápidas.
O caso, para muitos, simboliza mais uma situação em que faltou liderança forte, comunicação direta e ação eficiente — elementos essenciais para proteger o patrimônio de quem trabalha, investe e acredita no sistema financeiro do país.
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