Decisão gera revolta e reacende o debate sobre impunidade na Europa
Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA
O homem identificado como Christian Brückner, principal suspeito no desaparecimento de Madeleine McCann, ocorrido em 2007, recebeu autorização da Justiça alemã para deixar o país. A decisão, divulgada pelo Tribunal Estadual Superior de Celle na última segunda-feira (10), anulou uma das restrições impostas após sua libertação da prisão, onde cumpria pena por outro crime.
Brückner havia sido solto em setembro, depois de cumprir pena pelo estupro de uma idosa americana em Portugal. Ao ser liberado, o tribunal de Hildesheim havia determinado que ele usasse tornozeleira eletrônica, se apresentasse regularmente às autoridades e permanecesse morando na Alemanha por cinco anos.
Agora, o tribunal superior considerou que essa obrigação de residência violava o direito à livre circulação de cidadãos da União Europeia. Apesar disso, as demais medidas de monitoramento continuam válidas, e a corte ressaltou que eventuais restrições temporárias à saída do país poderão ser decididas por instâncias inferiores, caso surjam motivos técnicos ou legais.
Investigado desde 2020 por suspeita de envolvimento no desaparecimento e possível assassinato da menina britânica, Brückner sempre negou qualquer participação. Madeleine desapareceu aos três anos de idade em um resort em Praia da Luz, no sul de Portugal, enquanto dormia em um quarto de hotel, e o caso segue sem solução até hoje.
O advogado de Brückner, Friedrich Fülscher, afirmou que, se houvesse provas concretas, “as acusações já teriam sido apresentadas há muito tempo”, reforçando que a libertação de seu cliente não interfere nas investigações em curso.
Recentemente, uma publicação no GoFundMe — logo removida — revelou que Brückner buscava doações para deixar a Alemanha e se mudar para um país sem acordo de extradição com as autoridades alemãs. Segundo informações, ele planeja se afastar de qualquer jurisdição europeia, aonde foi citado o Suriname, na América do Sul, como possível destino.
A decisão reacende o debate sobre os limites da justiça europeia e até que ponto suspeitos de crimes emblemáticos podem exercer seus direitos de mobilidade sem comprometer o andamento de investigações de grande relevância internacional.
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