Terapia com anticorpos monoclonais pode revolucionar tratamento da febre amarela

Foto: internet
Nova parceria entre o Instituto Butantan e a Mabloc desenvolve o primeiro medicamento específico para tratar a doença, oferecendo esperança a populações de áreas endêmicas com baixa cobertura vacinal
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA

O Instituto Butantan e a empresa de biotecnologia Mabloc, dos Estados Unidos, iniciaram o desenvolvimento conjunto do MBL-YFV-01, a primeira terapia baseada em anticorpos monoclonais direcionada especificamente ao vírus da febre amarela. O medicamento pretende oferecer opção de tratamento para populações infectadas que não foram vacinadas, especialmente em áreas endêmicas.

Nova terapia oferece alternativa para pacientes não vacinados

O MBL-YFV-01 chega em um momento de aumento dos surtos de febre amarela no Brasil, com novos casos registrados em vários estados. Apesar da vacina de vírus atenuado ser amplamente eficaz, uma parcela significativa da população permanece desprotegida por falta de acesso, baixa cobertura ou dificuldade logística.
A terapia é projetada como uma alternativa pós-exposição, para uso em pacientes já infectados.

Como funciona o MBL-YFV-01

A terapia utiliza um anticorpo monoclonal humano obtido pela plataforma de inteligência artificial BRAID™, da Mabloc. Essa tecnologia permite identificar anticorpos com alta capacidade de neutralizar o vírus da febre amarela.

  • Em estudos pré-clínicos publicados em 2023 na Science Translational Medicine, uma única dose de 50 mg/kg foi capaz de eliminar a viremia, evitando avanço para formas graves da doença.

  • O medicamento atua diretamente na fase aguda da infecção, reduzindo a carga viral e diminuindo o risco de complicações.

Essa abordagem representa um avanço importante, já que atualmente não existe terapia específica para febre amarela — o tratamento é apenas de suporte clínico.

Base tecnológica e capacidade de produção

O Butantan conta com um Laboratório de Biofármacos voltado ao estudo de anticorpos monoclonais, além de uma fábrica preparada para produção em larga escala. O instituto também possui experiência em ensaios clínicos, o que permite acelerar o ciclo de desenvolvimento da terapia.

A Mabloc, por sua vez, fornece tecnologia e patentes relacionadas ao anticorpo monoclonal, garantindo precisão na identificação de alvos virais.

Termos do acordo

O contrato estabelece:

  • Licença exclusiva para o Butantan desenvolver, produzir e comercializar o medicamento.

  • Distribuição direcionada a países de baixa e média renda, onde a febre amarela ainda representa grande ameaça.

  • Transferência de tecnologia e fortalecimento da pesquisa nacional em terapias avançadas.

O desenvolvimento do MBL-YFV-01 representa uma ampliação significativa da autonomia brasileira na produção de medicamentos complexos e no enfrentamento de doenças negligenciadas.

Relevância clínica

Estudos anteriores mostraram que a alta carga viral é um dos principais fatores associados a mortalidade em pacientes com febre amarela. Reduzir rapidamente a replicação do vírus é, portanto, um elemento crítico para evitar evolução para quadros fatais.

O MBL-YFV-01 foi projetado justamente para atuar nesse ponto, fornecendo uma ação específica contra o vírus, ao contrário dos tratamentos atuais, que se limitam a suporte em unidade hospitalar.

Situação epidemiológica da febre amarela

Segundo a OPAS:

  • 47 países são endêmicos para febre amarela.

  • Em 2025, as Américas registraram 235 casos e 96 mortes, sendo o Brasil responsável pela maior parte das notificações.

  • Em 2024, a maioria dos casos ocorreu na Amazônia; em 2025, houve expansão para estados mais populosos, como São Paulo.

No Brasil, o ciclo atual da doença é exclusivamente silvestre, transmitido por mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Não há transmissão urbana desde 1942.

Sintomas e prevenção

Os sintomas iniciais incluem:

  • febre

  • dores no corpo

  • cefaleia

  • náuseas

  • vômitos

Em cerca de 20% dos casos, pode evoluir para formas graves, com icterícia, sangramentos e risco de morte.

A vacinação, oferecida pelo SUS, continua sendo a principal forma de prevenção. O novo anticorpo monoclonal surge como complemento importante, destinado ao tratamento de infectados em estágio agudo.

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