Aumento do IOF anunciado para ricos encarece serviços e atinge os mais pobres

Foto: Paloma de Sá
Embora o governo Lula afirme que a medida atinge grandes patrimônios, especialistas alertam que o custo do imposto é repassado ao consumidor final, afetando preços e serviços essenciais
Por Paloma de Sá |GNEWSUSA

O aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como uma medida voltada à tributação dos mais ricos, deve gerar efeitos que vão além do topo da pirâmide social. Especialistas e agentes do mercado avaliam que o encarecimento das operações financeiras tende a ser repassado ao consumidor final, atingindo diretamente a população de baixa renda por meio do aumento de passagens aéreas, crédito, seguros, serviços e produtos básicos da economia.

O discurso oficial e o impacto real

A equipe econômica sustenta que a elevação do IOF incide sobre investimentos, crédito de alto valor e operações financeiras sofisticadas, concentradas entre pessoas físicas de alta renda e grandes empresas. No entanto, na prática, o imposto integra a estrutura de custos de companhias aéreas, bancos, seguradoras e empresas que dependem de crédito e operações financeiras para funcionar.

Esses custos, historicamente, não são absorvidos pelos grandes grupos econômicos, mas repassados ao consumidor, inclusive à população de menor renda.

Passagens aéreas mais caras

Um dos impactos mais imediatos tende a ser no setor aéreo. Companhias utilizam crédito, operações cambiais e instrumentos financeiros para leasing de aeronaves, compra de combustível e manutenção. Com o IOF mais alto nessas operações, o custo operacional sobe.

O resultado costuma ser o repasse para o preço final das passagens, tornando o transporte aéreo ainda menos acessível para famílias de baixa renda, trabalhadores que dependem de viagens por necessidade e brasileiros que visitam parentes em outros estados.

Crédito mais caro para quem já paga mais

Embora o discurso oficial foque nos grandes empréstimos, o aumento do IOF encarece o custo geral do crédito no sistema financeiro. Bancos tendem a repassar esse custo para linhas populares, como:

  • Empréstimos pessoais

  • Parcelamentos no cartão de crédito

  • Financiamentos de bens básicos

  • Crédito consignado

Na prática, o imposto amplia juros e tarifas, afetando principalmente quem depende do crédito para equilibrar o orçamento mensal.

Aumento indireto no preço de produtos e serviços

Empresas de todos os setores utilizam crédito e operações financeiras para capital de giro, importação de insumos e proteção cambial. Com o IOF mais elevado, esses custos entram no cálculo do preço final de produtos como:

  • Alimentos industrializados

  • Medicamentos

  • Eletrodomésticos

  • Serviços essenciais

Assim, mesmo quem não investe no mercado financeiro acaba pagando a conta por meio da inflação de custos.

Remessas, turismo e consumo popular

A alta do IOF sobre operações cambiais também afeta remessas internacionais e viagens. Embora o foco sejam operações de maior valor, o efeito colateral aparece em pacotes turísticos, passagens internacionais e até compras online em sites estrangeiros, práticas cada vez mais comuns entre consumidores de renda média e baixa.

Críticas e alerta de especialistas

Economistas críticos à medida apontam que impostos indiretos, como o IOF, têm caráter regressivo: proporcionalmente, pesam mais no orçamento de quem ganha menos. Para esses analistas, a medida pode frustrar o objetivo declarado de justiça tributária ao transferir o impacto do imposto dos grandes patrimônios para o consumo popular.

“O imposto não fica com o rico. Ele entra no custo da economia e acaba sendo pago por quem consome e precisa de crédito”, avaliam especialistas do setor financeiro.

Debate deve ganhar força

O governo ainda deve regulamentar detalhes das novas alíquotas, mas o debate já está instalado. Enquanto o Planalto defende o aumento do IOF como instrumento de arrecadação e equilíbrio fiscal, cresce a pressão para que o impacto sobre a população de baixa renda seja considerado e mitigado.

A discussão promete avançar no Congresso e no mercado, em meio ao desafio de ajustar as contas públicas sem aprofundar o custo de vida dos brasileiros que já enfrentam dificuldades econômicas.

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