Liberdade após 3 anos reacende revolta e expõe falhas do sistema que não pune crimes brutais cometidos por menores
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
Na manhã de 25 de novembro de 2022, o município de Aracruz (ES) viveu um dos episódios mais violentos e traumáticos já registrados em escolas brasileiras. Um adolescente de 16 anos, usando roupas camufladas e o rosto parcialmente coberto, invadiu o Colégio Estadual Primo Bitti, onde estudava até poucos meses antes.
Carregando um revólver calibre .38, arma pertencente ao pai — um policial militar — ele entrou na sala dos professores e abriu fogo, atingindo educadoras que iniciavam a rotina escolar. Na sequência, o agressor se dirigiu a uma segunda escola, o Centro Educacional Praia de Coqueiral, que fica no mesmo complexo, continuando os disparos.
Em poucos minutos, o estrago estava feito:
• 4 mortos, sendo três professoras e uma aluna de 12 anos.
• 12 feridos, entre alunos e funcionários.
As vítimas fatais foram:
• Flávia Amboss Merçon
• Maria da Penha Pereira Banhos
• Karla Bassi
• Alanna dos Santos Valim (12 anos)
O crime chocou o país pela brutalidade, pela frieza e pela escolha das vítimas.
Fuga, buscas e apreensão
Após o ataque, o adolescente fugiu em um veículo da família. A polícia iniciou uma operação intensa de busca, e o jovem foi localizado poucas horas depois. Preso, confessou o crime.
Investigações apontaram que ele planejou o ataque com antecedência, consumia conteúdos violentos e tinha comportamento de isolamento. A motivação nunca foi totalmente esclarecida, mas autoridades afirmaram que o ato foi premeditado e influenciado por ideologias extremistas encontradas em grupos online.
A legislação e o limite de 3 anos
Por ser menor de idade, o adolescente não pôde ser julgado como adulto.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece:
• O prazo máximo de internação é de 3 anos, independentemente da gravidade do crime.
• Após esse período, o jovem deve ser liberado, podendo haver acompanhamento em meio aberto.
Foi exatamente o que ocorreu agora, três anos depois do ataque.
A liberdade e a revolta das famílias
A notícia da liberação do jovem reacendeu indignação entre familiares das vítimas, moradores e autoridades do Espírito Santo.
Para os parentes das pessoas assassinadas, a sensação é de impunidade:
“Quatro vidas foram tiradas e ele sai porque a lei manda. Isso não é justiça”, desabafou um dos familiares à época, em entrevistas.
A saída do agressor da unidade socioeducativa reacendeu o debate sobre:
• A redução da maioridade penal,
• Mudança nas regras do ECA,
• E a punição adequada a crimes extremamente graves cometidos por adolescentes.
O impacto nas escolas e em Aracruz
O ataque deixou uma marca profunda em Aracruz. Professores passaram por acompanhamento psicológico, escolas reforçaram a segurança e as famílias das vítimas seguem lidando com traumas que, para muitos, jamais serão superados.
O caso também desencadeou:
• Discussões sobre controle de armas em residências,
• Protocolos de segurança escolar,
• Monitoramento de comportamentos extremistas de jovens.
Um caso que segue ecoando no país
Três anos depois, o Brasil volta a discutir o sistema socioeducativo, seus limites e sua capacidade de lidar com crimes de altíssima gravidade. Embora o agressor tenha cumprido integralmente o prazo previsto por lei, a sensação de que a punição não corresponde ao crime permanece viva no debate público.
O caso Aracruz continua sendo um dos episódios mais dolorosos da educação brasileira — e agora retorna ao centro das discussões com a volta do autor à liberdade.
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