Autorização judicial permite cirurgia, mas restrições impostas impedem a presença dos filhos e aprofundam o clima de isolamento e dor do ex-presidente
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi internado na manhã desta quarta-feira (24) no hospital DF Star, em Brasília, após autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para deixar temporariamente a Superintendência da Polícia Federal, onde está preso. Bolsonaro passará por uma cirurgia para correção de uma hérnia inguinal bilateral na quinta-feira (25), justamente no dia de Natal.
A transferência ocorreu por volta das 9h30, de forma discreta, conforme determinação judicial. Bolsonaro deixou a sede da PF por uma garagem interna e foi levado em viatura policial até o hospital, em um trajeto que durou poucos minutos. Esta é a primeira saída do ex-presidente da unidade prisional desde sua prisão, há 32 dias.
Aos 70 anos, Bolsonaro foi admitido no hospital para dar início aos procedimentos pré-operatórios, incluindo exames laboratoriais e avaliação cardíaca. A equipe médica estima que o ex-presidente deverá permanecer internado entre cinco e sete dias após o procedimento, para acompanhamento clínico.
Cirurgia eletiva, mas com impacto físico e emocional
A cirurgia marcada é a chamada herniorrafia inguinal bilateral, indicada para corrigir hérnias localizadas na região da virilha em ambos os lados. Embora os peritos da Polícia Federal tenham classificado o procedimento como eletivo — ou seja, sem caráter emergencial — o laudo apontou que a intervenção é necessária para reduzir dores, desconfortos e limitações físicas que afetam diretamente a qualidade de vida do paciente.
Também foi proibida a entrada de computadores, celulares ou qualquer equipamento eletrônico no ambiente, com exceção apenas dos aparelhos médicos indispensáveis ao tratamento. As medidas reforçam o rigor imposto ao ex-presidente, mesmo durante o período de internação hospitalar.
Isolamento, vigilância e restrições rígidas
Por determinação judicial, Bolsonaro ficará internado em ala isolada, separada dos demais pacientes. A Polícia Federal manterá vigilância permanente no local, com equipes de prontidão 24 horas por dia e, no mínimo, dois agentes posicionados na porta do quarto, reforçando o caráter excepcional das medidas adotadas mesmo em ambiente hospitalar.
Também foi proibida a entrada de computadores, celulares ou qualquer equipamento eletrônico no ambiente, com exceção apenas dos aparelhos médicos indispensáveis ao tratamento. As medidas reforçam o caráter rigoroso do regime imposto ao ex-presidente, mesmo durante o período de internação hospitalar.
Família presente, mas com limitações
Durante a internação, Bolsonaro será acompanhado pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Já os filhos Flávio e Carlos Bolsonaro solicitaram autorização para acompanhar o pai durante o procedimento, mas o pedido foi negado. Qualquer visita adicional dependerá de autorização judicial prévia.
A decisão provocou forte repercussão emocional. Em declaração pública, Carlos Bolsonaro lamentou a impossibilidade de acompanhar o pai em um momento delicado:
“Vim para ver meu pai, vou tentar; se eu conseguir olhar para ele, isso para mim será meu presente de Natal.”
A frase resume o clima de tristeza e apreensão que marca o Natal da família Bolsonaro, vivido entre grades, escoltas e restrições, longe do ambiente familiar tradicionalmente associado à data.
Prisão e contexto judicial
Bolsonaro está preso desde 22 de novembro, após violar a tornozeleira eletrônica que utilizava. Ele confessou ter tentado abrir o dispositivo com um ferro de solda. Dias depois, o ministro Alexandre de Moraes determinou o início do cumprimento da pena definitiva, superior a 27 anos de reclusão, no mesmo local.
Na decisão que autorizou a cirurgia, Moraes também negou o pedido de prisão domiciliar apresentado pela defesa, reafirmando que o ex-presidente deve cumprir a pena em regime fechado.
Histórico médico complexo
Desde que sofreu uma facada durante a campanha eleitoral de 2018, Jair Bolsonaro passou por uma longa sequência de cirurgias e internações. O histórico inclui obstruções intestinais, correções de hérnias, retirada de bolsa de colostomia, infecções, crises de soluço, problemas respiratórios e procedimentos extensos para reconstrução da parede abdominal.
Neste ano, Bolsonaro ainda enfrentou uma cirurgia de 12 horas para liberação de aderências intestinais, além de internações por pneumonia viral e retirada de lesões de pele.
Um Natal marcado pela dor e pela controvérsia
A internação do ex-presidente no dia de Natal, sob custódia policial, com acesso restrito à família e vigilância permanente, simboliza um dos momentos mais delicados de sua trajetória pública. O episódio reacende debates sobre humanidade no cumprimento da pena, proporcionalidade das medidas e os limites entre punição, saúde e dignidade.
Enquanto passa por mais um procedimento cirúrgico, Jair Bolsonaro vive um Natal distante do convívio familiar, em um cenário que mistura dor física, isolamento e forte carga política — um retrato que deve seguir provocando repercussões no cenário nacional.
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