Brasil elimina transmissão vertical do HIV e registra menor taxa de mortalidade em mais de três décadas

Foto: internet
Queda histórica nas mortes por aids e avanços no diagnóstico, prevenção e tratamento consolidam o país como referência global; campanha nacional e exposição em Brasília marcam 40 anos da resposta brasileira ao HIV
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

O Brasil alcançou um marco histórico na saúde pública: a eliminação da transmissão vertical do HIV — quando a infecção passa da mãe para o bebê durante a gestação, parto ou amamentação — e a menor taxa de mortalidade por aids dos últimos 32 anos. Os resultados, divulgados pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (1º), refletem a ampliação da testagem, a modernização do tratamento fornecido pelo SUS e o fortalecimento das ações preventivas.

Segundo o novo boletim epidemiológico, o país registrou uma redução de 13% no número de mortes por aids entre 2023 e 2024, passando de mais de 10 mil óbitos para 9,1 mil. É a primeira vez em três décadas que o total fica abaixo de dez mil.

Eliminação da transmissão vertical: metas internacionais cumpridas

  • manteve a taxa de transmissão vertical abaixo de 2%,

  • registrou menos de 0,5 caso por mil nascidos vivos,

  • atingiu mais de 95% de cobertura de pré-natal, testagem e tratamento de gestantes com HIV.

Além disso, houve queda de:

  • 7,9% nos casos de gestantes vivendo com HIV,

  • 4,2% no número de crianças expostas ao vírus,

  • 54% no início tardio da profilaxia neonatal, indicando melhora expressiva no atendimento de pré-natal e nas maternidades.

Com esses indicadores, o Brasil cumpre integralmente os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a eliminação da transmissão vertical como problema de saúde pública.

Prevenção combinada: PrEP, PEP e novas estratégias para jovens

O país tem adotado a política de Prevenção Combinada, que reúne múltiplas ferramentas para reduzir o risco de infecção.

Entre os destaques:

  • Crescimento de 150% no número de usuários da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) desde 2023 — hoje, cerca de 140 mil pessoas utilizam o método diariamente.

  • Distribuição de preservativos texturizados e sensitivos, visando ampliar o uso entre jovens.

  • Expansão da testagem, com a compra de 6,5 milhões de duo testes de HIV e sífilis (65% a mais que no ano anterior).

  • Entrega de 780 mil autotestes para ampliar o diagnóstico precoce.

Tratamento moderno e adesão ampliada

O SUS mantém oferta gratuita de terapia antirretroviral para todas as pessoas diagnosticadas com HIV. Mais de 225 mil brasileiros utilizam hoje o comprimido único de lamivudina + dolutegravir, combinação que reúne alta eficácia, poucos efeitos adversos e conveniência em uma única dose diária.

Com isso, o país segue avançando para as metas globais 95-95-95:

  1. 95% das pessoas vivendo com HIV conhecem seu diagnóstico;

  2. 95% delas estão em tratamento;

  3. 95% das tratadas alcançam supressão viral.

Segundo o boletim, duas das três metas já foram atingidas.

Investimento social e fortalecimento da sociedade civil

O Ministério da Saúde anunciou editais que somam R$ 9 milhões em apoio financeiro a organizações da sociedade civil que atuam no enfrentamento à aids, reconhecendo seu papel histórico na formulação de políticas públicas e no controle social.

A pasta também reforçou comitês e conselhos consultivos e criou um comitê interministerial voltado a eliminar infecções e doenças determinadas socialmente, com foco especial no HIV/aids.

Campanha nacional e exposição celebram 40 anos de enfrentamento

Em Brasília, foi lançada a campanha “Nascer sem HIV, viver sem aids”, alinhada ao Dezembro Vermelho — mês de mobilização nacional sobre o tema.

O Ministério da Saúde também inaugurou no SESI Lab a exposição “40 anos da história da resposta brasileira à aids”, que apresenta relatos, documentos, obras e registros que narram as quatro décadas de combate ao HIV no país. A visitação segue aberta até 30 de janeiro de 2026.

A mostra revisita marcos importantes, celebra avanços e convida o público a refletir sobre os desafios persistentes, incluindo redução do estigma, ampliação do diagnóstico precoce e acesso equitativo ao tratamento.

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