Brasil inicia liberação de mosquitos estéreis em território indígena para conter dengue e outras arboviroses

Aldeia Cimbres, em Pernambuco, é a primeira a receber a Técnica do Inseto Estéril por irradiação; ação não envolve modificação genética e será monitorada pelo Ministério da Saúde
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

O Brasil deu início, nesta sexta-feira (12), à aplicação da Técnica do Inseto Estéril por Irradiação (TIE) em território indígena como estratégia de combate à dengue, zika e chikungunya. A primeira área atendida é a Aldeia Cimbres, localizada no município de Pesqueira, no Agreste de Pernambuco, onde o Ministério da Saúde realizou a liberação inicial de mosquitos machos Aedes aegypti estéreis. A medida integra o plano nacional de enfrentamento às arboviroses e será avaliada de forma contínua antes de eventual ampliação.

Como funciona a Técnica do Inseto Estéril

A Técnica do Inseto Estéril consiste na criação de mosquitos machos em laboratório, que passam por um processo de irradiação ionizante capaz de impedir sua reprodução. Após a liberação no ambiente, esses insetos acasalam com fêmeas da espécie, mas não geram descendentes, contribuindo para a redução gradual da população do vetor.

Por se tratarem de machos, os mosquitos não picam seres humanos nem transmitem doenças. O método é utilizado há décadas no controle de pragas agrícolas e vem sendo aplicado de forma controlada no enfrentamento ao Aedes aegypti em diferentes países.

Primeira aplicação em território indígena

Na Aldeia Cimbres, foram liberados inicialmente cerca de 50 mil mosquitos estéreis. O cronograma prevê liberações semanais que podem ultrapassar 200 mil insetos, conforme avaliação técnica das equipes envolvidas.

A ação é realizada em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Pernambuco e a Secretaria Municipal de Saúde de Pesqueira. O investimento inicial informado pelo Ministério da Saúde é de R$ 1,5 milhão, destinado à produção, logística e monitoramento da estratégia.

Além de Pernambuco, a técnica deverá ser implantada no território indígena Guarita, em Tenente Portela (RS), e em áreas indígenas de Porto Seguro e Itamaraju, na Bahia.

Técnica não envolve modificação genética

O Ministério da Saúde esclarece que os mosquitos utilizados na estratégia não são geneticamente modificados. A esterilidade é obtida exclusivamente por irradiação, método que não altera o material genético de forma hereditária e não gera descendentes no ambiente.

A distinção é considerada essencial por especialistas, já que existem outras tecnologias de controle vetorial baseadas em transgenia, que não fazem parte desta iniciativa específica.

Monitoramento ambiental e transparência

Pesquisadores da área de saúde pública destacam que, embora a TIE seja considerada segura, a aplicação em territórios com características ambientais específicas exige acompanhamento contínuo.

Entre os pontos observados estão:

  • A eficácia da técnica na redução dos casos de arboviroses

  • O comportamento do vetor ao longo do tempo

  • Possíveis impactos na dinâmica ambiental local

O Ministério da Saúde informou que os dados obtidos serão utilizados para avaliar a efetividade da estratégia antes de sua ampliação.

Consulta e diálogo com as comunidades

A implementação da técnica em territórios indígenas também envolve o debate sobre consulta e diálogo permanente com as comunidades locais. De acordo com o governo federal, a ação é conduzida em articulação com o subsistema de saúde indígena, respeitando protocolos institucionais e acompanhada por equipes técnicas.

Expansão dependerá de resultados

A continuidade e a ampliação da Técnica do Inseto Estéril no Brasil dependerão dos resultados obtidos nas áreas-piloto. A avaliação técnica irá considerar indicadores epidemiológicos, ambientais e operacionais antes da adoção em larga escala.

O tema segue em análise no âmbito da saúde pública, em meio aos esforços para reduzir o impacto das arboviroses no país de forma sustentável e baseada em evidências científicas.

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