Cortes de financiamento, restrição de programas comunitários e leis punitivas põem em risco décadas de avanços; especialistas e organizações pedem liderança política imediata e proteção às populações vulneráveis
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
Neste Dia Mundial de Luta Contra a Aids, entidades internacionais chamam atenção para o risco de perda de conquistas importantes alcançadas nas últimas décadas no combate ao HIV. Organizações humanitárias e especialistas em saúde global destacam que cortes de financiamento, interrupção de programas comunitários e políticas repressivas vêm comprometendo o acesso de milhões de pessoas a serviços essenciais.
Avanços ameaçados
Desde 2010, o mundo registrou uma redução significativa no número de novas infecções e nas mortes relacionadas ao HIV, graças à expansão do tratamento antirretroviral e ao fortalecimento de campanhas de prevenção. No entanto, especialistas alertam que esse progresso começa a sofrer impacto direto de:
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redução de verbas internacionais,
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diminuição de iniciativas de base comunitária,
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interrupção de programas de prevenção,
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aumento de legislações punitivas que restringem o acesso de populações vulneráveis aos serviços de saúde.
Equipes que atuam em regiões de alta incidência relatam que a queda no financiamento global dificultou, por exemplo, o acompanhamento contínuo de pacientes, a distribuição de preservativos e a testagem regular.
Barreiras legais e estigma agravam cenário
Além da crise financeira, o endurecimento de leis que criminalizam comportamentos relacionados às populações-chave — como pessoas LGBTQIA+, usuários de drogas e trabalhadores do sexo — tem limitado o acesso a diagnóstico, tratamento e ações educativas.
Organizações que atuam nesses contextos afirmam que o medo de perseguição reduz a procura por serviços e compromete o controle da doença.
Chamado à liderança política
Especialistas reforçam que eliminar a Aids como ameaça à saúde pública até 2030 — meta assumida internacionalmente — exige mais do que recursos. É necessário que governos adotem medidas estruturais, entre elas:
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reforço dos sistemas de saúde,
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ampliação do acesso a terapias inovadoras, como medicamentos de longa duração,
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revisão de legislações que dificultam o atendimento,
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políticas baseadas em direitos humanos,
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cooperação internacional contínua.
Comunidades no centro da resposta
Organizações comunitárias têm desempenhado um papel decisivo no combate ao HIV, garantindo acolhimento, informação, acompanhamento e combate ao estigma. Defensores da causa afirmam que fortalecer esses grupos é essencial para impedir retrocessos, sobretudo entre as populações mais vulneráveis.
Neste 1º de dezembro, a mensagem global reforça que o fim da Aids depende de compromisso político, financiamento adequado e políticas que respeitem a dignidade e os direitos das pessoas afetadas pelo vírus.
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