EUA e Paraguai firmam acordo que autoriza presença militar americana no país

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Pacto voltado ao combate ao crime organizado amplia cooperação em segurança e ocorre em meio a disputas geopolíticas e tensões regionais.

Por Tatiane Martinelli | GNEWSUSA

Os Estados Unidos e o Paraguai assinaram, na última segunda-feira (15), um acordo que permite a atuação de militares norte-americanos em território paraguaio com foco no enfrentamento ao crime organizado. O entendimento foi formalizado em Washington e sucede outro pacto firmado em maio, que facilitou o fornecimento de armamentos americanos ao país sul-americano.

O Acordo sobre o Status das Forças (Sofa, na sigla em inglês) foi assinado pelo secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e pelo chanceler paraguaio, Rubén Ramírez Lezcano. O documento estabelece as bases legais para a presença de militares e civis ligados ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos, prevendo atividades de treinamento, assistência humanitária e cooperação em situações de desastre.

A medida ocorre em um contexto de crescente preocupação com a segurança regional. O Paraguai tem se consolidado como uma rota estratégica para o narcotráfico originário da Bolívia e da Colômbia, além de servir de abrigo para integrantes de facções criminosas brasileiras, como o Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo análise recente da inteligência brasileira, cerca de 699 membros do grupo estariam em território paraguaio, o que acende alertas sobre os impactos nas fronteiras e no sistema prisional do país.

O acordo também se insere em um cenário mais amplo de disputa geopolítica entre Estados Unidos e China na América do Sul. Enquanto Washington busca reforçar o combate a organizações criminosas e grupos armados, como o Exército do Povo Paraguaio (EPP), Pequim tem ampliado seus investimentos estratégicos na região, com interesses no Paraguai e em países vizinhos, como Argentina e Brasil.

Para o Departamento de Estado americano, a parceria é uma resposta à expansão do tráfico de drogas e à atuação de organizações consideradas terroristas, incluindo o Hezbollah, que teria conexões com a região da Tríplice Fronteira. Essa postura, porém, pode gerar atritos com o Brasil, que rejeita a classificação de facções como o PCC como grupos terroristas, posição defendida por autoridades dos Estados Unidos.

A influência chinesa na região

A cooperação entre Assunção e Washington ganha relevância diante do avanço da China na América Latina. Pequim mantém uma base espacial na Patagônia argentina e demonstra interesse em projetos estratégicos, como o Corredor Bioceânico Ferroviário, que ligaria o Brasil ao Pacífico e facilitaria o escoamento de commodities para a Ásia.

Embora o Paraguai reconheça diplomaticamente Taiwan e não mantenha relações oficiais com a China, a presença de empresas chinesas e o volume de comércio bilateral têm crescido. Nesse contexto, o fortalecimento dos laços com os Estados Unidos pode ser interpretado como uma tentativa de conter a influência chinesa no Cone Sul, especialmente diante da proximidade de Pequim com os governos argentino e brasileiro.

Desafios e tensões regionais

Ao buscar apoio americano para enfrentar desafios internos de segurança, o Paraguai se posiciona em um cenário regional sensível. Para o Brasil, a ampliação da presença militar dos EUA em um país vizinho levanta preocupações sobre possíveis impactos indiretos em suas próprias políticas de segurança e controle de fronteiras.

A resistência brasileira em classificar facções criminosas como organizações terroristas adiciona um elemento de tensão ao debate, já que essa definição poderia abrir espaço para uma maior atuação de forças estrangeiras na região — hipótese rejeitada por Brasília.

Com a assinatura do novo acordo, a dinâmica geopolítica do Cone Sul entra em um momento decisivo. O Paraguai pode emergir como um polo de cooperação em segurança com o apoio dos Estados Unidos, mas o movimento tende a aprofundar debates e divergências com países vizinhos, sobretudo o Brasil.

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