Lula recebe aposentadoria vitalícia de R$ 12 mil como anistiado político desde 1993

Mesmo beneficiado por pagamento mensal do INSS, presidente critica propostas de anistia no Congresso e reacende debate sobre coerência política

Por Ana Raquel |GNEWSUSA 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe, desde 1993, uma aposentadoria mensal como anistiado político, paga pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O valor atual do benefício gira em torno de R$ 12 mil por mês, concedido como forma de reparação por perseguições sofridas durante o regime militar.

A concessão ocorreu após o reconhecimento de que Lula teve direitos sindicais cassados e sofreu sanções políticas no período da ditadura, especialmente após sua atuação à frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista, nos anos 1970 e 1980.

Do ponto de vista legal, o benefício está amparado na legislação de anistia política aprovada após a redemocratização do país. No entanto, o tema voltou ao centro do debate público por razões essencialmente políticas.

O discurso atual contra a anistia

Nos últimos meses, Lula tem adotado um discurso firme contra qualquer proposta de anistia relacionada aos atos de 8 de janeiro de 2023. O presidente e seus aliados defendem que não pode haver perdão para os envolvidos, argumentando que os episódios representaram um ataque à democracia e às instituições.

Essa posição tem sido reiterada em discursos oficiais, entrevistas e manifestações públicas, nas quais Lula sustenta que anistiar crimes políticos no presente abriria um precedente perigoso.

Dois pesos e duas medidas?

É justamente nesse ponto que surge a crítica da direita.

Embora Lula rejeite com veemência qualquer debate sobre anistia hoje, ele próprio é beneficiário direto de uma anistia política, que lhe garante uma aposentadoria vitalícia custeada pelos cofres públicos há mais de três décadas.

Para críticos, há uma clara incoerência política:

• Anistia é aceitável quando favorece aliados ideológicos do passado,

• Mas inaceitável quando envolve adversários políticos no presente.

O argumento de que “são contextos diferentes” não convence parte significativa da população, sobretudo quando se observa que a anistia concedida a Lula não se limitou à restituição de direitos, mas resultou em um benefício financeiro permanente, pago até hoje.

Reparação histórica ou privilégio permanente?

Outro ponto sensível levantado por setores conservadores é o caráter vitalício e elevado do benefício. Enquanto milhões de brasileiros enfrentam dificuldades para se aposentar pelo INSS, recebendo valores próximos ao salário mínimo, o presidente acumula uma aposentadoria especial superior à média nacional, sem ter contribuído nos moldes tradicionais da Previdência.

A crítica não se resume à legalidade, mas à justiça e à moralidade do sistema, que cria distinções entre cidadãos comuns e figuras políticas influentes.

Anistia seletiva e narrativa política

Na visão da direita, o debate atual expõe uma anistia seletiva, guiada mais por conveniência ideológica do que por princípios universais. A anistia do passado é exaltada como símbolo de resistência, enquanto qualquer proposta semelhante no presente é tratada como ameaça à democracia.

Esse contraste alimenta a percepção de que a lei e o discurso mudam conforme o lado político envolvido, reforçando a polarização e minando a confiança de parte da sociedade nas instituições.

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