Ditador usa movimento brasileiro para validar sua narrativa política e convoca brasileiros a apoiar o regime venezuelano
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
O ditador venezuelano Nicolás Maduro voltou a mencionar o Brasil como aliado político de seu regime durante um discurso televisionado nesta quinta-feira (4). A fala ocorreu em meio a um quadro de tensão crescente entre a Venezuela e os Estados Unidos, que acusam, segundo declarações de autoridades norte-americanas e cogitam ações dentro do território venezuelano.
Durante a transmissão, Maduro agradeceu publicamente ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), após receber um boné do movimento como presente. O gesto, segundo ele, simbolizaria a “solidariedade” entre militantes venezuelanos e brasileiros. A partir daí, o líder chavista ampliou o discurso e fez um apelo direto ao Brasil:
“Muito obrigado, Brasil, muito obrigado, MST. A luta continua, a vitória é nossa. Viva a unidade do povo brasileiro, viva a unidade com o povo venezuelano. Povo do Brasil, saiam às ruas para apoiar a Venezuela em sua luta pela paz e soberania.”
Maduro insistiu que seu país estaria sendo alvo de pressão externa e tentou reforçar um clima de mobilização regional:
“Temos o direito à paz com soberania. Viva o Brasil.”
A declaração chamou atenção por ocorrer justamente quando Washington endurece o discurso contra o regime venezuelano. Autoridades dos Estados Unidos afirmam que Maduro e figuras próximas ao seu governo são alvo de investigações e acusações feitas por órgãos oficiais norte-americanos.
O aceno de Maduro ao MST reacende discussões sobre a relação entre movimentos sociais brasileiros e o regime venezuelano. O grupo é historicamente próximo da esquerda latino-americana e já manifestou apoio político ao chavismo em outras ocasiões, mas a fala do ditador, ao pedir mobilização de “ruas cheias” no Brasil em defesa de seu governo, ampliou o debate público sobre a influência política entre os países.
Embora mencione “parceria” com o Brasil, Maduro não cita autoridades do governo federal. No entanto, sua fala chega em um momento em que o cenário político brasileiro ainda é marcado por polarização e críticas sobre a posição do país diante de regimes autoritários da América Latina.
Analistas apontam que o discurso do líder venezuelano repete uma estratégia já conhecida do chavismo: tentar criar apoio internacional por meio de alianças ideológicas, especialmente com movimentos de esquerda, ao mesmo tempo em que enfrenta forte desgaste interno e pressão externa. Para críticos, a convocação feita por Maduro ao povo brasileiro soa como mais uma tentativa de interferir na política nacional e de usar movimentos aliados para legitimar seu regime autoritário.
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