Ahmed el Ahmed enfrenta atirador, desarma terrorista e ajuda a evitar uma tragédia ainda maior durante celebração judaica
Por Ana Raquel |GNEWSUSA
A Praia de Bondi, um dos cartões-postais mais conhecidos da Austrália e símbolo de lazer em Sydney, foi palco de uma das maiores tragédias recentes do país neste domingo (14). Um ataque terrorista cometido por pai e filho deixou 15 pessoas mortas, incluindo um dos próprios atiradores, e ao menos 40 feridos, entre eles dois policiais, vários em estado grave.
O atentado ocorreu por volta das 18h30 no horário local (4h30 no Brasil), durante a celebração de Hanukkah, importante festividade judaica que reunia famílias, crianças e líderes religiosos na praia e em um parque próximo. As autoridades australianas classificaram o episódio como terrorismo com motivação antissemita.
Ataque planejado e execução em local lotado
Segundo a polícia, os dois homens chegaram ao local fortemente armados e começaram a disparar contra o público de forma indiscriminada. O horário e o local escolhidos indicam planejamento prévio, já que a região estava especialmente movimentada devido às comemorações religiosas.
Imagens registradas por frequentadores e divulgadas nas redes sociais mostram cenas de pânico, com pessoas correndo, gritos de desespero e vítimas caídas na areia sendo atendidas por equipes de emergência improvisadas, até a chegada dos paramédicos.
Explosivos aumentaram o risco de uma tragédia ainda maior
Durante a operação policial, agentes localizaram dispositivos explosivos improvisados dentro de um veículo estacionado nas proximidades do ataque. O material foi removido pela brigada antibombas.
De acordo com o comissário de polícia de Nova Gales do Sul, Mal Lanyon, o automóvel pertencia ou estava sendo utilizado por um dos atiradores, reforçando a avaliação de que o ataque poderia ter causado um número ainda maior de vítimas.
Autores do ataque: pai e filho
As investigações confirmaram que os responsáveis pelo atentado são pai e filho. O pai, um homem de 50 anos, possuía licença legal para armas de fogo e morreu após trocar tiros com as forças de segurança. Já o filho, de 24 anos, foi preso com ferimentos graves, mas permanece em condição estável sob custódia policial.
Além deles, a polícia deteve outras duas pessoas, um homem e uma mulher, no subúrbio de Bonnyrigg, em Sydney, suspeitas de envolvimento indireto ou apoio logístico ao ataque. As autoridades seguem apurando possíveis conexões com grupos extremistas.
Rabino está entre as vítimas fatais
Entre os mortos está o rabino Eli Schlanger, uma das lideranças religiosas que participariam da organização das atividades de Hanukkah em Bondi. Ele atuava havia 18 anos como rabino-assistente da Chabad de Bondi e era uma figura respeitada na comunidade judaica local.
As vítimas têm idades entre 10 e 87 anos. A mais jovem, uma menina, chegou a ser socorrida, mas morreu no hospital devido à gravidade dos ferimentos.
O Itamaraty informou que, até o momento, não há confirmação de brasileiros entre os mortos ou feridos.
A coragem que salvou vidas
Em meio ao terror, um ato de bravura ganhou destaque e repercussão internacional. Um homem enfrentou um dos atiradores, conseguiu arrancar o rifle de suas mãos e interrompeu momentaneamente a ação criminosa, mesmo sob risco iminente de morte.
O herói foi identificado como Ahmed el Ahmed, de 43 anos, pai de dois filhos e dono de uma frutaria. Ele estava na praia no momento do ataque e foi baleado no braço e na mão durante a ação. Hospitalizado, Ahmed recebeu homenagens de autoridades e moradores, sendo apontado como alguém que evitou um massacre ainda maior.
Repercussão internacional e alerta contra o antissemitismo
O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, afirmou que o atentado foi “um ataque direto à comunidade judaica australiana em um dia de celebração” e classificou o crime como “terrorismo antissemita”.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, condenou o ataque e cobrou ações firmes do governo australiano diante do crescimento do antissemitismo no país. Já o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou que o ódio contra judeus “não tem lugar no mundo” e prestou solidariedade às vítimas.
Desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, em outubro de 2023, a Austrália vem registrando aumento de ataques, ameaças e atos de intolerância contra judeus, que representam cerca de 0,4% da população australiana, estimada em mais de 26 milhões de pessoas.
O atentado em Bondi Beach marca um ponto de inflexão no debate sobre segurança, radicalização e intolerância religiosa, deixando uma ferida profunda em um dos espaços mais emblemáticos do país.
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