Autoridades sanitárias americanas aprovam novos antibióticos orais em meio ao avanço global da resistência bacteriana, ampliando as opções de tratamento da infecção sexualmente transmissível
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
O avanço da resistência da gonorreia aos antibióticos tradicionais tem acendido um alerta entre autoridades de saúde em todo o mundo. Nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou recentemente dois novos antibióticos orais para o tratamento da doença, representando um avanço relevante no enfrentamento dessa infecção sexualmente transmissível (IST), que vem desafiando sistemas de saúde e protocolos terapêuticos.
A gonorreia é causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae e, na forma urogenital não complicada, afeta principalmente a uretra e o colo do útero. Os sintomas mais comuns incluem dor ao urinar, corrimento genital e inflamação. Quando não tratada de forma adequada, a infecção pode evoluir para complicações graves, como infertilidade, inflamações pélvicas e maior risco de transmissão de outras ISTs.
Nas últimas décadas, especialistas têm observado uma redução progressiva da eficácia dos tratamentos convencionais, em razão da crescente resistência bacteriana. Historicamente, o protocolo terapêutico incluía a combinação de antibióticos injetáveis e orais. Diretrizes mais recentes passaram a recomendar apenas a administração injetável, o que reduziu as opções disponíveis e ampliou a preocupação diante do surgimento de cepas resistentes.
Diante desse cenário, a FDA autorizou o uso de dois novos antibióticos orais que passam a integrar as alternativas terapêuticas para a gonorreia urogenital não complicada em adolescentes e adultos. Os medicamentos demonstraram, em estudos clínicos, eficácia comparável aos tratamentos atualmente recomendados, com taxas de eliminação da bactéria consideradas elevadas pelos pesquisadores, sem prejuízo ao perfil de segurança.
Autoridades sanitárias destacam que a ampliação do arsenal terapêutico é estratégica, já que a Neisseria gonorrhoeae apresentou, ao longo do tempo, resistência a diversas classes de antibióticos. A aprovação de novas opções é vista como um passo importante para reduzir a pressão sobre os medicamentos existentes e retardar o avanço da resistência antimicrobiana.
Apesar do progresso no tratamento, especialistas reforçam que a prevenção e o diagnóstico precoce continuam sendo as principais estratégias de controle das infecções sexualmente transmissíveis. O uso consistente de preservativos, a realização de exames regulares e o tratamento oportuno são considerados fundamentais para conter a disseminação da gonorreia e limitar o surgimento de cepas resistentes.
A liberação dos novos medicamentos ocorre em um contexto de alertas recorrentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que classifica a gonorreia resistente como uma ameaça crescente à saúde pública global. Segundo a entidade, o fortalecimento da vigilância epidemiológica e o investimento contínuo em pesquisa e desenvolvimento de novos antibióticos são essenciais para evitar que a infecção se torne cada vez mais difícil de tratar.
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