Probióticos podem influenciar a ansiedade, mas ciência ainda pede cautela

Estudos indicam que a microbiota intestinal se comunica com o cérebro, porém evidências clínicas diretas em humanos seguem limitadas
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA

Pesquisas científicas recentes reforçam que existe uma conexão biológica entre o intestino e o cérebro — conhecida como eixo intestino-cérebro — e que os probióticos podem interferir nesse sistema de comunicação. Embora estudos apontem efeitos positivos sobre mecanismos ligados ao humor, especialistas alertam que ainda não há comprovação científica robusta de que probióticos sejam um tratamento eficaz para ansiedade em seres humanos.

A relação entre saúde intestinal e saúde mental tem sido cada vez mais investigada pela ciência. O intestino abriga trilhões de microrganismos que participam de processos metabólicos, imunológicos e neurológicos, incluindo a produção de substâncias químicas que atuam no sistema nervoso central. Alterações nesse equilíbrio, chamadas de disbiose, têm sido associadas a inflamações e a mudanças no comportamento e no humor.

Pesquisas experimentais e pré-clínicas indicam que probióticos — microrganismos vivos considerados benéficos à saúde — podem modular a microbiota intestinal e influenciar vias relacionadas ao estresse e à ansiedade. Em estudos com animais, resultados apontam redução de comportamentos associados à ansiedade após a administração de determinadas cepas probióticas.

Resultados ainda são limitados em humanos

Quando se analisam estudos clínicos realizados com pessoas, porém, os resultados são mais cautelosos. Revisões científicas e meta-análises mostram que os efeitos dos probióticos sobre sintomas de ansiedade em humanos são, em geral, modestos, inconsistentes ou estatisticamente não significativos. Em alguns casos, observa-se melhora em indicadores de bem-estar ou redução do estresse subjetivo, mas não há consenso suficiente para caracterizar os probióticos como uma terapia ansiolítica comprovada.

Especialistas destacam que os estudos clínicos disponíveis variam amplamente em relação às cepas utilizadas, doses, tempo de suplementação e perfis dos participantes, o que dificulta a comparação dos resultados e a formulação de recomendações universais.

Probióticos como complemento, não substituição

Pesquisadores reforçam que, no estágio atual do conhecimento, probióticos não substituem tratamentos médicos ou psicológicos para transtornos de ansiedade. O uso desses suplementos pode ser considerado como parte de uma estratégia complementar de cuidado com a saúde intestinal, desde que acompanhado por orientação profissional.

A comunidade científica segue investigando o tema por meio de estudos clínicos mais amplos, randomizados e controlados por placebo, com o objetivo de identificar quais cepas específicas, em que doses e por quanto tempo poderiam trazer benefícios reais à saúde mental.

Um campo promissor, mas em construção

O interesse crescente no eixo intestino-cérebro reflete um avanço importante na compreensão integrada do corpo humano. Embora os dados atuais apontem para um potencial papel dos probióticos na modulação do humor, a ciência ainda não confirma sua eficácia direta no tratamento da ansiedade.

Até que novas evidências sejam consolidadas, especialistas recomendam cautela e reforçam que hábitos como alimentação equilibrada, prática de atividade física, sono adequado e acompanhamento médico continuam sendo pilares fundamentais para a saúde mental.

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