OMS aponta que 1 em cada 6 infecções já resiste a antibióticos; avanço ameaça tratamentos, aumenta mortes e encarece cuidados
Por Paloma de Sá | GNEWSUSA
A resistência antimicrobiana (RAM) — quando bactérias e outros microrganismos deixam de responder a medicamentos antes eficazes — atingiu níveis preocupantes e já compromete tratamentos de infecções comuns. Relatórios recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que, em 2023, uma em cada seis infecções bacterianas confirmadas em laboratório apresentou resistência a pelo menos um antibiótico de uso frequente, elevando mortalidade e limitando opções terapêuticas em todo o mundo.
Cenário global: dados mostram avanço acelerado
O relatório global de vigilância da OMS (GLASS 2025) indica que a resistência aumentou em cerca de 40% das amostras analisadas entre 2016 e 2023. Os dados envolvem mais de 100 países e apontam crescimento significativo de resistência em infecções urinárias, respiratórias, gastrointestinais e relacionadas ao sangue.
Estudos internacionais publicados em periódicos científicos estimam que as infecções resistentes já sejam responsáveis por mais de um milhão de mortes anuais, especialmente em países de baixa e média renda. Nos Estados Unidos, estimativas do CDC apontam milhões de casos resistentes por ano, com impacto direto nos sistemas hospitalares.
Por que a resistência antimicrobiana preocupa
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Redução de opções de tratamento: antibióticos básicos deixam de funcionar, exigindo medicamentos mais caros, tóxicos ou escassos.
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Risco para procedimentos médicos: cirurgias, quimioterapias e transplantes dependem de antibióticos eficazes para prevenção de infecções.
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Aumento de mortes e custos: internações se tornam mais longas e caras, pressionando famílias e sistemas de saúde.
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Propagação rápida: microrganismos resistentes se espalham entre países por viagens, alimentos e ambiente, exigindo ações globais coordenadas.
Principais causas do aumento da resistência
A OMS e centros de pesquisa internacionais apontam quatro fatores predominantes:
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Uso inadequado de antibióticos em humanos, com prescrições desnecessárias e doses incorretas.
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Uso intensivo na agropecuária, incluindo antibióticos para engorda e prevenção, que favorecem resistência transmissível a humanos.
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Falta de diagnóstico e vigilância, o que leva médicos a prescreverem antibióticos de amplo espectro sem confirmação laboratorial.
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Baixo investimento em novos medicamentos, já que o desenvolvimento de antibióticos não acompanha o avanço das cepas resistentes.
Ações recomendadas por organizações internacionais
O relatório GLASS e organismos como CDC, Unicef e Banco Mundial sugerem medidas urgentes:
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Fortalecimento de laboratórios e vigilância global.
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Uso racional de antimicrobianos em saúde humana e veterinária (abordagem One Health).
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Expansão de acesso a vacinas, saneamento e água potável.
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Incentivo a pesquisas e ao desenvolvimento de novos antibióticos e diagnósticos.
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Programas nacionais para reduzir uso desnecessário de antibióticos.
Países que investiram nessas áreas já demonstram queda na resistência e melhores resultados em infecções hospitalares.
Como isso afeta o cidadão comum
Especialistas reforçam que a resistência antimicrobiana já afeta a rotina da população.
Entre as principais recomendações estão:
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Não usar antibióticos sem prescrição médica.
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Nunca interromper o tratamento antes do prazo indicado.
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Manter calendário vacinal atualizado.
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Adotar boas práticas de higiene, principalmente lavagem das mãos.
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Apoiar políticas que ampliem acesso a diagnósticos e vigilância sanitária.
A resistência antimicrobiana deixou de ser uma ameaça futura e já representa uma crise de saúde pública. Dados recentes da OMS mostram que, sem ações coordenadas e investimentos em diagnóstico, prevenção e novos medicamentos, o número de mortes e a limitação de tratamentos podem aumentar significativamente nos próximos anos.
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